O Me Too Brasil divulgou apoio à apresentadora Ana Hickmann, que denunciou agressões cometidas por seu ex-marido, Alexandre Correa. De acordo com a entidade, a coragem da apresentadora ao expor a violência a qual foi submetida colabora para a conscientização de mulheres que sofrem agressões em ambiente familiar e as encoraja na busca de apoio e de medidas protetivas.
Em nota pública, a organização destaca que a violência doméstica pode afetar todas as mulheres, de todas as raças, idades e condições econômicas, e a dificuldade em romper o silêncio é um ponto em comum entre todas as vítimas. De acordo com análise feita pelo núcleo de gênero do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), em 2016, as mulheres demoram cerca de 10 anos para romper o ciclo de agressões.
“Levantar a voz contra o agressor é difícil para todas as mulheres, principalmente, devido à forte relação afetiva, emocional e muitas vezes econômica que a vítima possui com seu agressor, que é também seu marido, o pai de seus filhos, alguém com quem a vítima subiu ao altar”, afirma a advogada Marina Ganzarolli, presidente do Me Too Brasil.
Ana Hickmann trouxe à público a maneira como comentários e falas – que para alguns podem parecer piadas inocentes – podem ser classificados como violência moral e psicológica. Xingamentos, palavras depreciativas, humilhação, desvalorização moral, deboche público, tentativa de posse e controle da vida da vítima, dentre outras, são agressões que geram sofrimento, abalam a saúde mental, a autoestima e a autoconfiança da vítima, aponta a presidente da organização.
A Lei Maria da Penha, utilizada por Hickmann em seu divórcio, enumera algumas das formas de violências que as mulheres podem sofrer: psicológica, moral, sexual, patrimonial e física. Dentre elas, a violência psicológica é a mais incidente entre as vítimas. É o que aponta a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, do Instituto DataSenado: ao menos 89% das 21 mil mulheres entrevistadas indicaram que já sofreram este tipo de violência. Ainda de acordo com a pesquisa, a violência moral se mostra presente com 77%, e a violência física com 76%. A violência patrimonial soma 34%, e a sexual 25%.
Desde 2021, o Código Penal passou a prever em seu artigo 147-B, o crime de violência psicológica, definido como “causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação”.
“O Me Too Brasil reconhece a coragem e a força de Hickmann. Sua atitude certamente vai inspirar outras mulheres a romperem o silêncio e saírem dos ciclos de violência e de relacionamentos abusivos em que se encontram”, destaca a organização.
Me Too Brasil
Inspirado e influenciado pelo movimento #MeToo, fundado por Tarana J. Burke nos Estados Unidos, o Me Too Brasil é uma organização que atua contra o assédio e o abuso sexual. Seu objetivo é amplificar a voz das vítimas e oferecer acolhimento por meio de apoio psicológico, jurídico, assistencial e orientação às sobreviventes, além de tomar as medidas necessárias em conjunto com as autoridades competentes.