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domingo, novembro 24, 2024

Aruanas – Atores indígenas comentam sobre seus papéis e a importância da representatividade em ‘Aruanas’

CulturaFilmes e SériesAruanas - Atores indígenas comentam sobre seus papéis e a importância da representatividade em ‘Aruanas’

‘Aruanas’ leva à TV aberta uma história forte sobre a devastação das nossas florestas e o garimpo ilegal na região amazônica. Mas além da pauta ecológica, a série também se destaca pela sua representatividade. Muitos papéis foram vividos por pessoas que conhecem bem a vida naquela região. Grande parte dos personagens da cidade fictícia de Cari, por exemplo, foram interpretados por atores amazonenses. E os indígenas foram representados por atores de etnias locais.

 

Abraão Mazuruna e Kay Sara são exemplos de atores indígenas que se juntaram ao elenco de ‘Aruanas’ para viverem os nativos Raoni e Payall. Eles emprestaram um pouco das suas próprias vivências e conhecimentos para darem vida aos personagens da ficção. Além de trazer representatividade para a série e conferir veracidade às cenas, o trabalho deles foi importante também para o restante do elenco:

 

“A primeira cena que gravei no Amazonas foi a do massacre na Aldeia. Ver aqueles atores e figurantes indígenas que passam por aquela situação na realidade, cobertos de sangue cenográfico foi muito forte, mexeu muito comigo”, comenta Débora Falabella, que vive a jornalista e ativista Natalie. Contracenar também com a Kay Sara (Payall), foi incrível. Hoje somos amigas e virei fã do seu trabalho como atriz e ativista. Ela me ensinou muita coisa que eu não sabia. Na cena do parto da Payall, foi muito impressionante ver como ela colocava muita verdade na atuação”, pontua Débora.

 

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Na entrevista abaixo, Abraão e Kay Sara comentam sobre a atuação em ‘Aruanas’, o processo de composição dos personagens e a importância da representatividade indígena na arte. 

 

No sétimo episódio de ‘Aruanas’, que vai ao ar terça-feira, dia 09 de junho, Felipe (Gustavo Falcão) devolve dinheiro a Natalie (Débora Falabella) e ela se junta com Verônica (Taís Araújo), Amir (Rômulo Braga) e Gregory (Gustavo Vaz) para traçar o plano de fuga dele. Felipe é atingido por tiros. Escrito por Estela Renner e Marcos Nisti, o thriller ambiental vai ao ar todas às terças-feiras, logo após a novela “Fina estampa”. A série – uma produção original da Globo exclusiva para o Globoplay, em coprodução com a Maria Farinha Filmes – conta com direção artística de Carlos Manga Jr, direção geral de Estela Renner, parceria técnica do Greenpeace e Pedro de Barros colabora com o roteiro. 

 

‘Aruanas’ é uma série que trata de um tema urgente, a crise ambiental mundial e o trabalho dos ativistas ambientais. Como foi trabalhar em uma produção com uma temática tão delicada e importante?  

Abraão: ‘Aruanas’ é urgente. A série é importante para mostrar para as pessoas que ainda existe uma possibilidade de lutar para alcançar o que queremos, sermos protegidos, pensarmos mais sobre a questão indígena. O que nós passamos ali é realidade, não é só ficção.

 

Kay Sara: ‘Aruanas’ veio no momento certo. A floresta está sendo ainda mais destruída atualmente. A série chega para abrir os olhos das pessoas, porque isso acontece na vida real de quem mora ali. 

 

Como foi a preparação para viver o personagem? 

Abraão: Eu nasci na aldeia 31, no rio Solimões. Quando criança, eu vivi na realidade aquilo que meu personagem viveu na ficção. Não me lembro o bastante, mas eu vi um ataque de madeireiros invadindo nossas terras .Tudo isso voltou pra mim como se fosse real agora no presente em ‘Aruanas’, e acabei levando essa experiência para o Raoni da série. 

 

Kay Sara: Eu trouxe um pouco da minha mãe para essa personagem, sobretudo porque a Payall também é uma mãe. Eu tenho esse exemplo dela, de uma mãe guerreira, ativa, que toma as decisões. Ela já me falou de muitas situações que já aconteceram antigamente com ela e com a Aldeia, e eu sempre acabo trazendo um pouco dessa minha ancestralidade para os meus personagens. 

 

O que significa para você a inclusão de atores indígenas em produções audiovisuais? 

Abraão: Há muitos anos, a gente não tinha oportunidades como temos agora. Na minha etnia, Matsés, eu sou o primeiro ator que surgiu. É importante representar nacionalmente os indígenas para mostrar que nós também temos a capacidade de mostrar nosso povo, de sermos independentes, atuar, fazermos o que quisermos. 

 

Kay Sara: Quando uma pessoa se vê na TV, no cinema ou na publicidade, ela se sente incluída no ambiente em que vive. Na minha vida toda, e muito antes, todos os filmes sempre foram feitos por não indígenas. Nossas referências são essas. Quando aparece qualquer outro tipo de pessoas miscigenada, você começa a ver que você também pode trabalhar com isso. Você acaba se tornando uma pessoa existente dentro da sociedade.

 

Como foi trabalhar com o elenco e os autores? 

Abraão: Eles são gigantes. Eu já tinha assistido a Débora Falabella em ‘Avenida Brasil’, e foi incrível poder conhecê-la pessoalmente. Me senti muito feliz em fazer parte desse elenco tão maravilhoso. Eu ajudei também com a tradução de algumas falas do roteiro. Colaborei com os autores Marcos Nisti e Estela Renner a passar do português para a minha língua, da etnia Matsé, algumas falas dos personagens indígenas. 

 

Kay Sara: Eu tive mais contato com a Débora Falabella. Ela é muito sensível, está sempre pronta para ouvir. Desde o primeiro momento que nos conhecemos, ela já me via como uma artista. Hoje nós somos amigas.

 

Comunicação Globo

São Paulo, 08 de junho de 2020

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