Em um mundo povoado por criaturas míticas, Ian (Tom Holland) e seu irmão mais velho, Barley (Chris Pratt), achavam que magia estava esquecida. Porém quando Ian ganha o cajado mágico de seu falecido pai, eles descobre que podem trazer o pai de volta por um dia inteiro. O feitiço da errado e eles terão que entrar numa jornada épica para poder rever o pai pela última vez. Parece que acabei de resumir uma jornada de RPG, não é? O novo filme Disney Pixar, Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, nada mais é do uma aventura de D&D, porém com a brilhantismo de roteiro Pixar.
Dungeons & Dragons, ou simplesmente D&D, é um jogo lançado em 1974 no estilo RPG (role-playing game), que é na verdade um sistema em que o jogador cria seu personagem e vai se desenvolvendo de acordo com suas aventuras. Esse processo tem inúmeras ligações com inúmeros outros filmes, porém com Dois Irmãos ele tem uma ligação maior porque o passado do mundo do filme é literalmente o D&D Universe. Mesmo as coisas mais específicas, como o alcance de uma determinada magia, e até coisas mais ridículas, como o monstro Cubo Gelatinoso, o terror de todo aventureiro novato.
Todo esse plano de fundo fantástico é o novo estilo da Pixar, usando fantasia pra falar sobre realidade. O roteiro do filme trata de diversos assuntos com tem múltiplas camadas de interpretação. Ele trata do luto de perder um pai, da maternidade solitária, de como o mundo pode realmente fazer que esqueçamos de nós mesmos, e também sobre a importância da família. A morte do pai de Ian e Barley permeia o filme todo, e o pesar do espaço paterno vazio é muito bem representado. Os diálogos mais detalhados sobre a doença que matou o pai é tão real que faz qualquer adulto se emocionar, ao mesmo tempo é simples o bastante para qualquer criança entender.
O fato da mãe dos garotos, Laurel (Julia Louis-Dreyfus), criar dois filhos pequenos sozinha e ainda lidar com a morte do marido é uma tragédia e realidade familiar que todos conhecemos. Quando no filme ela diz: “eu sou uma baita guerreira”, ela está invocando seu mantra de ginástica, assim como ela está reunindo forças para enfrentar o inimigo final, e na última camada ela está dizendo pra si mesma que conseguiu criar dois rapazes sozinha.
O filme também fala sobre a perda da nossa essência, no caso da personagem Manticora (Octavia Spencer), que perdeu seu ímpeto de aventura, para ser uma gerente de restaurante. A jornada de vida dos irmãos em superar a falta do pai também fala sobre essência, além de serem apoio um para o outro. O roteiro do diretor, Dan Scanlon, em co-autoria com Headley e Keith Bunin, mostra como eles uniram várias experiências de vida em um único texto. É a conclusão da obra é de chorar.
Scanlon aproveita todas as cores e planos abertos que um fantasia tem que ter. O design dos personagens é perfeito, os protagonistas podem não tem o rosto de suas vozes originais, mas sua maneira de agir é idêntica a dos atores. A dublagem brasileira também não perde em nada, com um elenco de dubladores oficiais dos atores estrangeiros.
Por muito tempo Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica parecia só um filme qualquer para a Disney ter lucro no primeiro trimestre do ano, mas é uma surpresa incrível, e pode ser considerado um dos melhores filmes de animação do primeiro semestre do ano.
Imagem: divulgação Disney Pixar