Os trabalhos de Wes Anderson sempre me intrigaram. Nunca sei dizer, ao certo, se gosto ou não dos seus filmes. São esquisitos, mas chamam a atenção. Alguns parecem ter mais estética do que história; outros são tão estranhos que questiono ao fim: “O que foi isso?”. Acho que essa confusão de percepções ocorre por ser um diretor ousado e criativo. E encontrar o ponto de equilíbrio entre a loucura e a poesia, para o seu tipo de trabalho, não deve ser fácil. Entretanto esse ponto foi encontrado em O Grande Hotel Budapeste.
O Grande Hotel Budapeste conta as aventuras de Gustave H (Ralph Fiennes), o lendário concierge em um famoso hotel europeu (O Grande Hotel Budapeste) entre o período entre guerras, e Zero Moustafa (Tony Revolori), o mensageiro, que se torna seu mais fiel amigo. A trama envolve o roubo e o resgate de uma obra inestimável do Renascimento e a batalha por uma enorme herança de família – tudo isso nos bastidores da dramática e repentina mudança de um continente.
Anderson nos leva a uma história, possivelmente, real contada de maneira surreal, eloquente e poética. A loucura-poética já ganha forma quando nos deparamos com a narração. Ela nos conduz através do tempo. Alguém está lendo um livro de um falecido autor; este se apresenta, anos antes, contando a história; o tal autor volta no tempo quando conhece o senhor Zero Moustafa; que por sua vez também volta no tempo para contar como conheceu Gustave H. Louco? Bastante! Criativo? Demais!
Além de um roteiro conduzido de maneira inovadora, temos um trabalho estético muito interessante. Imagens simples, mas com grande efeito na tela, deixando tudo muito artístico.
O elenco é recheado de grandes nomes do cinema (Raph Fiennes, Tony Revolori, Willem Dafoe, Adrien Brody, Jude Law, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan, Léa Seiydoux, Tilda Swindon, Tom Wilkinson, Owen Wilson) mas que não surgem de maneira estrelar. Todos os atores parecem contribuir mais com o filme, do que o filme com eles. E assim surge uma atuação memorável de Ralph Fiennes, digna de prêmios. Willem Dafoe é outro que parece se reinventar na pele de um assassino impiedoso.
O Grande Hotel Budapeste é recomendado para aqueles que querem sair do lugar comum e acreditam que uma grande amizade pode surgir entre pessoas totalmente diferentes e que enfrentam qualquer situação que a vida coloca. A relação entre Zero e Gustave é realmente inspiradora, mesmo toda a trama deixando claro que eles não são prefeitos.
Até a próxima!
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