A coluna CINE VISTO continua analisando os filmes indicados ao prêmio de Melhor Filme no Oscar de 2014. São nove ao todo. Seis produções já foram analisadas: Gravidade, Capitão Phillips, Trapaça, Ela, 12 Anos de Escravidão e Clube de Compras Dallas. Hoje é a vez de O Lobo de Wall Street.
O filme O Lobo de Wall Street está concorrendo em 5 categorias do Oscar: Melhor Filme, Melhor Diretor (Martin Scorsese), Melhor Ator (Leonardo DiCaprio), Melhor Ator Coadjuvante (Jonah Hill) e Melhor Roteiro Adaptado.
Durante seis meses, Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) trabalhou duro em uma corretora de Wall Street, seguindo os ensinamentos de seu mentor Mark Hanna (Matthew McConaughey). Quando finalmente consegue ser contratado como corretor da firma, acontece o Black Monday, que faz com que as bolsas de vários países caiam repentinamente. Sem emprego e bastante ambicioso, ele acaba trabalhando para uma empresa de fundo de quintal que lida com papéis de baixo valor, que não estão na bolsa de valores. É lá que Belfort tem a ideia de montar uma empresa focada neste tipo de negócio, cujas vendas são de valores mais baixos mas, em compensação, o retorno para o corretor é bem mais vantajoso. Ao lado de Donnie (Jonah Hill) e outros amigos dos velhos tempos, ele cria a Stratton Oakmont, uma empresa que faz com que todos enriqueçam rapidamente e, também, levem uma vida dedicada ao prazer.
Scorsese é melhor diretor em atividade! Faço essa afirmação baseado na regularidade. Entra ano, sai ano e o velho Martin continua a surpreender a indústria do cinema com trabalhos interessantes, convincentes e com o toque de criatividade necessário aos dias atuais, quando há uma exigência enorme de inovações. O interessante é que, mesmo tendo que atender a essas exigências, seus filmes continuam com suas assinaturas, o que os tornam sempre ricos em matéria de arte cinematográfica.
O Lobo de Wall Street não é a maior obra prima do diretor, mas é mais uma bela realização. A escolha para contar uma história, que tinha tudo para ser densa, foi utilizar uma linha mais divertida e dinâmica. E deu muito certo, já que falar de estratégia de vendas e números pode ser bem maçante, mas promover cenas engraçadas, escolher trilhas sonoras e canções que fogem do lugar comum e não ter medo de exagerar, foram algumas das ações que deixaram o filme muito agradável. Fazer a adaptação da obra (escrita pelo próprio Jordan Belfort) dessa maneira ajudou o roteiro ser indicado ao prêmio da Academia.
Entretanto a nada disso causaria um grande efeito se não fosse a magnífica interpretação do sempre ótimo Leonardo DiCaprio. O ator (que também assina, ao lado de Scorsese, a produção) convence e apresenta uma versatilidade invejável. A cada cena, vemos uma superação inesgotável. Poderia destacar vários momentos, mas nada é tão intenso, verdadeiro e visceral como quando Jordan, com parte do corpo paralisado pelos efeitos de drogas, se rasteja até o carro. Uma cena, com certeza, muito complicada, mas com um efeito incrível. Pode até ser que leve a estatueta (seria sua primeira, depois de inúmeras indicações).
Jonah Hill também surpreende no divertido papel de um amigo que ajuda Jordan Belfort a construir seu império. Se não quiserem ver o filme, vou entender, mas, assim que puderem, vejam a cena em que os dois atores, Hill e DiCaprio, drogados, entram em confronto por causa de um telefone. Impagável! A falha do filme está em sua extensão. São 2h59min que me pareceu um tanto excessivo. Ainda mais quando alguns diálogos, mesmo com ótimas construções, se tornavam enfadonhos. Para aqueles que gostam de diversão, amam os anti-heróis e adoram biografias, essa é uma ótima pedida.