Já se passaram 110 anos desde que o Brasil lançou seu primeiro longa-metragem. O drama policial “Os Estranguladores” foi o primeiro filme a ser produzido e exibido no Brasil. A trama se passa no Rio de Janeiro, cidade que até hoje é palco de grandes filmes produzidos nacionalmente. Desde então, as telonas brasileiras já foram palco de muita história.
O filme “Minha Mãe é Uma Peça”, protagonizado por Paulo Gustavo, é um exemplo de sucesso. A série, que já possui dois lançamentos nas telonas, é a que tem a maior bilheteria nesta categoria: mais de 15 milhões de ingressos foram vendidos durante as exibições nos cinemas brasileiros.
Acontece que, mesmo com essa aceitação, os filmes nacionais ainda não são muito valorizados entre os brasileiros. Bilheterias de filmes internacionais costumam ser muito mais altas. De acordo com o especialista em cinema da Universidade de Brasília, Alex Calheiros, isso pode ser explicado pela falta de incentivos financeiros para esse setor.
“Em outros países que têm políticas específicas voltadas para o cinema, que é uma indústria poderosa, inclusive de geração de emprego, de renda, capital e exportação, têm políticas específicas incentivando para que os filmes sejam passados nos cinemas nacionais e, portanto vistos. Eu acho que há preconceito, mas o preconceito não advém da qualidade. O preconceito vem da falta de políticas específicas voltadas para a nossa produção cinematográfica.”
Mas nem a falta de incentivos foi um empecilho para que filmes nacionais fossem indicados ao maior prêmio de cinema mundial. O longa-metragem “Cidade de Deus”, dirigido por Fernando Meirelles, foi indicado em 2004 às categorias de melhor diretor, roteiro adaptado, edição e melhor fotografia do Oscar.
E a tradição brasileira no cinema não para por aí. Quem se lembra de Chicó e João Grilo? O Auto da Compadecida marcou e ainda marca a vida de muitos brasileiros com risadas, frases inesquecíveis e faz completa referência à cultura nordestina. Esse foi um dos filmes que levou a consultora de eventos Iris Grijó a se apaixonar pelos filmes nacionais. Ela conta que, na família dela, “a promessa sem jeito de Chicó” faz o maior sucesso até hoje.
“Eu gosto muito do fato da gente não precisar ler legenda, da gente se identificar com muitas coisas da cultura, da gente se identificar com muitos locais conhecidos. Eu acho que essa é uma das coisas que eu mais gosto em relação aos filmes nacionais.”
Se você não assiste filmes nacionais há algum tempo e bateu aquela curiosidade para sabe como anda o mercado, essa é a oportunidade. Nesta quinta-feira (20) tem estreia nos cinemas. O filme Mulheres Alteradas conta a história de quatro mulheres com rotinas diferentes que fazem de tudo para sobreviver em meio ao caos.
Reportagem, Sara Rodrigues