Iemanjá gosta de arroz doce e canjica cozida no leite de coco. A divindade também ama cocada mole e manjar de coco com calda de ameixa ou pêssego. E assim, ao sabor da Rainha do Mar, o 2 de fevereiro no Arpoador será de festa para Iemanjá. Depois da estreia no ano passado com dez mil pessoas, o evento, totalmente gratuito, vai das 15h às 22h, reunindo atrações como Samba de Caboblo, Nina Rosa, Ogan Bangbala, Afoxé Filhas de Ghandy, Jongo do Vale do Café, Tião Casemiro, Ogan Kotoquinho, Pai Dário, Companhia de Aruanda, Orin Dudu, Iza Diordi, Ilê Axé Onixêgun e o músico Marcos André, o idealizador desta celebração, além da Feira Crespa, que vai levar gastronomia (acarajé), roupas e acessórios. O encontro tem recursos da Prefeitura do Rio via Secretaria Municipal de Cultura, por meio do edital Pró-Carioca – Programa de Fomento à Cultura Carioca.
“A festa carioca para Iemanjá era uma tradição antiga inventada pelos terreiros nas areias da Zona Sul, liderada pelo célebre pai de santo e sambista Tatá Tancredo em 31 de dezembro, dia de Iemanjá na umbanda. Poucos sabem que essa foi a origem do costume de passarmos a virada do ano na praia – o que acabou se tornando a maior festa de rua do mundo, assim como a prática de vestir branco, jogar flores no mar e pular sete ondas”, diz Marcos André, que mobilizou cerca de 120 mestres, entre líderes religiosos, artistas e filhos de santo, todos integrantes da rede de comunidades tradicionais que ele coordena em Madureira e em quilombos do Estado do Rio.
“Essa celebração é um resgate e reconhecimento da história do Tatá Tancredo. Fico feliz de colaborar para devolver esse espaço no coração da Zona Sul para o povo de santo”.
A parte gastronômica da festa será da Feira Crespa, uma ação afirmativa itinerante que tem como objetivos principais a valorização da mulher negra, o fortalecimento de afroempreendedores e o aumento do repertório dos participantes sobre a cultura afro-brasileira e sua história. O projeto traz o eixo econômico juntamente com o social e cultural, além da feira de afroempreendedorismo.
Aos 104 anos, o Mestre Bangbala – Ogan mais antigo do país em atividade e patrono do Dia de Iemanjá no Arpoador, vai conduzir o encontro, junto com Pai Dário, descendente da Casa Branca, primeira casa de candomblé do Brasil e um dos líderes do jongo do Morro da Serrinha.
“Todas as oferendas do ritual serão biodegradáveis. Pedimos ao público que não leve plástico, vidro ou madeira. É uma saudação à Rainha do Mar, à sua morada e às forças da natureza. Somente flores e frutas serão oferecidas nas águas”.
Ao final, o público será convidado para um mutirão de limpeza das areias, calçadão e pedra do Arpoador.
Dia de Iemanjá no Arpoador é uma realização do Instituto Floresta e da Rede de Patrimônio Imaterial do Estado do Rio, além da Secretaria Municipal de Políticas da Mulher e do Governo Federal via Ministério da Cultura (Lei Paulo Gustavo).
O cortejo terá início às 15h, aos pés da estátua do Tom Jobim, de onde o público sairá com as oferendas para Iemanjá. Odoyá, Iemanjá. Salve a Rainha do Mar e as forças da natureza!
Programação completa:
14h – Concentração do Cortejo na estátua do Tom Jobim
15h – Cortejo com oferendas liderados por Ogan Bangbala, Pai Dário e Ilê Axé Onixêgun
15h30 – Presente para Iemanjá na Pedra do Arpoador
16h30 – Afoxé Filhas de Ghandy, Afoxé Ore lai lai, Ogan Kotoquinho e Yza Diordi
17h – Samba de Roda com grupo Orin Dudu
18h10 – Jongo do Vale do Café, Companhia de Aruanda e Marcos André
18h50 – Roda de Umbanda com Tião Casemiro
19h30 – Nina Rosa e roda de samba
21h – Samba de Caboclo
22h – Encerramento
A Feira Crespa funcionará das 15h às 22h