Acompanhando a exposição que celebra 25 anos de atividades da galeria, será lançado no dia 2 de agosto de 2023, às 19h, o livro “Anita Schwartz – XXV”, com textos do curador e crítico de arte Paulo Sergio Duarte e da curadora Bianca Bernardo; e depoimentos do artista Nuno Ramos, da própria galerista, e do arquiteto Cadas Abranches, responsável pelo projeto do espaço da Gávea, inaugurado há 15 anos. Com 130 páginas, 44,6 x 23,5cm, o livro é bilíngue (port/inglês), tem tiragem de 1 mil exemplares, e faz uma linha do tempo do percurso da galeria, com aproximadamente 60 imagens de exposições realizadas nesse período, e trechos de textos curatoriais e críticos de mostras individuais destacadas. O livro será distribuído gratuitamente para instituições de arte, e estará disponível na Anita Schwartz Galeria de Arte. A mostra “Anita Schwartz – XXV” foi prorrogada até 5 de agosto de 2023.
O historiador da arte e crítico Paulo Sergio Duarte escreve sobre a importância do mercado de arte na produção artística, e o papel desempenhado por Anita Schwartz, e destaca a ousadia e o pioneirismo da construção, em 2008, de uma edificação especialmente projetada para abrigar uma galeria de arte: “A nova sede da galeria, que unifica o desejo de Anita Schwartz em promover um espaço inédito para a cidade, irá instaurar um ciclo de exposições capazes de abrigar obras que jamais poderiam ser apresentadas nas galerias do Rio de Janeiro daquela época. Como na exposição que está agora em cartaz na galeria em comemoração aos seus vinte e cinco anos, é exibida uma seleção de artistas que têm algo para formar o público de ontem, hoje e amanhã. Participam da mostra: Abraham Palatnik, Ana Holck, Andreas Albrectsen, Angelo Venosa, Antonio Manuel, Artur Lescher, Carla Guagliardi, Carlos Zilio, Claudia Melli, Cristina Salgado, Daniel Feingold, David Cury, Gabriela Machado, Gonçalo Ivo, Ivens Machado, Jeane Terra, Lenora de Barros, Maritza Caneca, Marjô Mizumoto, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Paulo Vivacqua, Renato Bezerra de Melo, Rochelle Costi, Rodrigo Braga, Waltercio Caldas e Wanda Pimentel”. Ao final, ele escreve: “Vinte e cinco é pouco, vamos aos cinquenta anos da galeria Anita Schwartz”.
O artista Nuno Ramos exalta em seu depoimento a cumplicidade com a galerista ao realizar monumentais trabalhos seus: “Quando fiz ‘Mar Morto(2009) e ‘O globo da morte de tudo’ (2012), não sabia muito bem como funcionariam, nem mesmo se funcionariam, ou o que aconteceria exatamente na montagem. Por mais testes que se faça (e sempre testo tudo o que faço, o maior número de vezes possível), a primeira montagem de um trabalho é um labirinto de imprevistos. Como quatro toneladas de sabão, produzidas na própria galeria, irão se comportar? Haverá resfriamento no prazo que previmos? O material vai colar nos moldes de resina, estragando tudo? E os dois motoqueiros, girando ao mesmo tempo – será que vão se acidentar e destruir os próprios globos? Ou sequer estremecerão as prateleiras, neutralizando o esperado ‘terremoto’? Quando lembro disso tudo (e fiz outras exposições, além destas), com a distância um pouco neutralizadora da memória, é que vejo, meio espantado, o grau de parceria que atingimos, eu e a Galeria Anita Schwartz, desde o início de nossa relação, em 2008. Uma parceria intensa o bastante para entrarmos nessa aventura aberta, sem ter certeza aonde exatamente iríamos parar. Acho difícil fazer arte sem isso, esse indefinido que exige confiança e algum delírio mútuo, e que enxerga o trabalho como a miragem final que todos querem alcançar, não importa como”.
LINHA DO TEMPO
Algumas exposições individuais realizadas já no espaço da Gávea são destacadas por Paulo Sergio Duarte no livro, com imagens das montagens e trechos dos respectivos catálogos:
2008 – Em abril, exposição inaugural da nova sede da galeria, com obras inéditas do artista Carlos Zilio (1944). Texto “O Círculo Pictórico”, de Paulo Venancio Filho.
Em setembro do mesmo ano, mostra de Daniel Feingold (1954). Texto “Pintura no Presente”, de Ronaldo Brito.
2009 – Em março, “Mar Morto”, de Nuno Ramos (1960). Texto “Mar Morto: Uma Situação de Arte”, de Paulo Sergio Duarte.
Em setembro, exposição “Rio Máquina”, de Artur Lescher(1962). Texto “A Música Calada”, de Artur Lescher”, de Adolfo Montejo Navas.
2010 – Em julho, Gonçalo Ivo (1958) em “Campo Santo”. Texto “A Vida pela Arte”, de Luciano Figueiredo.
Em novembro, “Linha”, de Wanda Pimentel (1943-2019). Texto “Museu de História Natural de Linha”, de Guilherme Bueno.
2011 – Em novembro, “Inconsciente Mecânico”, de Otavio Schipper (1979). Texto de Paulo Venancio Filho.
2012 – Em março, “Ensaios não destrutivos”, de Ana Holck (1977).Texto “Arquiteturas Insondáveis”, de Ligia Canongia.
Em novembro, “O Globo da Morte de Tudo”, de Nuno Ramos e Eduardo Climachauska(1958). Texto “O Princípio da Perda”, de Francisco Bosco.
2013 – Em agosto, Abraham Palatnik (1928-2020). Texto “Pintura em Movimento”, de Felipe Scovino.
2014 – Em setembro, “Membrana”, Angelo Venosa (1954-2022). Texto de Felipe Scovino.
2016 – Em setembro, “Contabilidade”, de Rochelle Costi (1961-2022). Texto “Rochelle Costi”, de Bernardo Mosqueira.
2018 – Em setembro, “Os Olhos Cheios de Terra”, de Rodrigo Braga (1976). Texto do artista.
2020 – Em março, “Para Todos os Mares”, de Gabriela Machado (1960). Texto “Para Todos os Mares: o Brilho Segundo Gabriela Machado”, de Matilde Campilho.
2021 – Em novembro, mostra de Renato Bezerra de Mello (1960). Texto “Que Nosso Nome Não Caia no Esquecimento”, de Bianca Bernardo.
2022 – Em abril, “Superbloom”, Andreas Albrectsen (1986), de Aukje Lepoutre Ravn.
CUBO BRANCO
Ao construir em 2008 a edificação de três andares no número 30 da José Roberto Macedo Soares, no Baixo Gávea, demolindo para isso uma casa de dimensões mais modestas, do início dos anos 1950, Anita Schwartz criou um novo paradigma, pois toda a construção de 700 metros quadrados foi pensada para ser um espaço de arte, e não uma adaptação de um local já existente. O projeto arquitetônico ficou a cargo de Cadas Abranches, que atendeu às necessidades de exibição de grandes obras e instalações, em um dos projetos pioneiros no país.
O conceito de “cubo branco”, um espaço neutro no térreo que não interfira com a obra de arte, é o centro do projeto. Com mais de sete metros de altura de pé direito, a sala principal tem 140 metros quadrados de área, permitindo a colocação de obras de arte em tamanho monumental, caso de instalações emblemáticas feitas especialmente para o local por Nuno Ramos. Ainda neste piso, há uma sala multiuso.
Para dar acessibilidade, foi instalado um elevador movido a sistema hidráulico, com capacidade de 1,5 tonelada ou 20 pessoas, e tratamento de aço corten – material preferido dos escultores Franz Weissmann e Amilcar de Castro. O banheiro adequado para cadeirantes foi situado no terceiro andar.
A reserva técnica, no segundo andar da galeria, teve como exemplo a então recém-instalada no Museu Nacional de Belas Artes, em um sistema de trilhos, os traineis.
No terceiro andar, um generoso espaço expositivo com um terraço, permite a vista para o morro do Corcovado, e abriga um contêiner com 20 pés, para videoinstalações.
“Eu quis um novo espaço de arte que oferecesse conversas abertas ao público com artistas, críticos e outros pensadores, dando também vez a jovens artistas, de modo a contribuir para que o Rio possa cada vez mais ser um roteiro obrigatório no circuito de artes visuais”, diz Anita Schwartz.
PAIXÃO PELA ARTE
Pernambucana radicada desde a juventude no Rio de Janeiro, Anita Schwartz sempre foi uma apaixonada pela arte, e colecionadora, até que decidiu ingressar no mercado de arte. Após uma década como sócia de outras galerias, em 1998 instalou um espaço com seu nome. Em seguida, expandiu a iniciativa também para o Rio Design Barra, onde concentrou as atividades, depois de desativar, em 2006, a galeria do Leblon. Foi então que sentiu a necessidade de ter um espaço amplo, plural, na Zona Sul, ideia que perseguiu até achar o local ideal. “Celebrar esta trajetória é um momento de muita alegria, pois são histórias de muitos encontros, exposições ousadas, pioneiras em galerias de arte, e onde passamos pelas diversas mudanças e afirmação do circuito brasileiro de arte. Desejei compartilhar com o público um pouco dessa história, e o resultado é essa exposição comemorativa”, conta Anita Schwartz.
EXPOSIÇÃO EM CARTAZ
Bianca Bernardo, gerente artística da galeria, e curadora da exposição “Anita Schwartz – XXV”, em cartaz até 5 de agosto de 2023, escreve no livro comemorativo que “diante de uma atualidade acelerada, na qual lidamos cotidianamente com um volume excessivo de imagens e informações do universo midiático, que não cessam de interpelar a própria vida e influenciar os processos criativos pelo constante desejo do ineditismo, essa exposição desenha um caminho intempestivo em relação ao seu próprio tempo. Portanto, é através do olhar para o passado da galeria que instauramos a contemporaneidade, de modo que a descoberta dos vestígios recentes de sua origem sejam os alicerces para o presente, firmando uma relação temporal particular”.
A exposição reúne trabalhos históricos e emblemáticos e outros novos e inéditos, produzidos especialmente para a mostra, de 27 artistas que participaram da trajetória da galeria.
Serviço: Lançamento do livro “Anita Schwartz XXV”
02 de agosto de 2023, às 19h
Anita Schwartz Galeria de Arte
Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea, 22470-100, Rio de Janeiro
Telefones: 21.2274.3873 | 2540.6446 | 99603-0435 (whatsapp)
Segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados das 12h às 18h
Entrada livre
www.anitaschwartz.com.br