Uma fuga que se transforma em reencontro. A estrada que esconde os segredos da “encantaria brasileira”. A complexa relação entre um homem negro e um branco sob a benção dos ritos religiosos afro-brasileiros. A herança escravagista de um Brasil que teme se olhar no espelho. Mas, antes de tudo, uma aventura cheia de perigos, surpresas, emoções e muita magia. Estas são, nas palavras do autor, as linhas mestras de “O Patuá de Oxum”, a nova novela do jornalista e escritor Marcus Veras.
“Quando pensei nesta história pela primeira vez, estava muito incomodado com a perseguição que traficantes e milicianos têm feito nas comunidades contra as tendas e terreiros. Qual seria o real motivo que movimentava os autointitulados ‘Bondes de Jesus?” Essa estranha mistura entre os neo-evangélicos e a bandidagem carioca levou o autor a pesquisar e conhecer melhor suas vítimas, as religiões de matriz africana, tendo como base o livro “Encantaria Brasileira – O Livro dos Mestres, Caboclos e Encantados”, organizado pelo professor Reginaldo Prandi.
“À medida que fui lendo e escrevendo, me dei conta de que havia dois filmes que me marcaram muito, ambos de temática religiosa, e que me ajudaram a pensar o roteiro: O Amuleto de Ogum, de Nelson Pereira dos Santos e a Via Láctea, de Luis Buñuel”. E quando Veras diz “roteiro”, é porque a segunda forma dessa história foi cinematográfica. “O núcleo inicial foi um conto, onde um destes pastores com alma de negociante fica rico mas perde a alma. Isto foi em 2019, quando eu fazia um curso de roteiros com o professor Audemir Leuzinger, e aproveitei a sinopse para ampliar a história com novos elementos. E o pastor foi ficando de lado com o surgimento de dois novos personagens: Baldwin, o motorista negro que resiste a aceitar sua herança cultural, e Jeferson, o branco soldado do tráfico que foge com o dinheiro da venda das drogas.”
Na estrada rumo à Chapada Diamantina, perseguidos pelo bando que Jeferson traiu, ambos terão a chance de resgatar sua identidade, aceitar a força da magia e encarnar um Brasil mais tolerante, onde as tensões raciais se transformem em pulsões pacificadoras. “Quando terminei o roteiro, me dei conta de que precisava solidificar algumas passagens, pois o momento para o cinema é muito difícil sob este governo que odeia a cultura. Por isso transformei o roteiro numa novela, mas sigo sonhando com um encantamento – que essa história chegue um dia às telas”.
Veras aproveita para agradecer a quem o ajudou na tarefa de entrar neste universo místico/mágico: amigos que deram sugestões, corrigiram rotas, que deram indicações de livros, mas especialmente a uma cigana do Templo Caminho da Paz, onde foi buscar inspiração: “Ela aprovou meu projeto, me ensinou sobre a importância dos ogãs, me botou para dançar – logo eu que tenho dois pés esquerdos! – e me deu um patuá. Essa energia boa me acompanhou o tempo todo, e isso foi muito especial para um velho ateu como eu…”
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