O Memorial às Vítimas do Holocausto abre, a partir de quinta, 27 de abril, mais um espaço para os visitantes: a Varanda dos Direitos Humanos, local que abrigará obras inéditas especialmente pensadas para complementar a conceituação da exposição de longa duração do Memorial e propor uma reflexão sobre o Holocausto e os modos de opressão que ainda são exercidos na atualidade. Ao realizar o percurso da exposição do Memorial, o público terá acesso à varanda após conhecer os módulos “Antes, Durante e Depois do Holocausto”, que recontam as histórias reais de vítimas do nazismo, e se deparar com a frase “O ódio e o preconceito permanecem reais”. A partir deste ponto, a varanda, uma área ampla em semicírculo que circunda todos os módulos, propõe uma conexão com os tempos atuais a partir de obras de arte.
Quatro artistas, representantes da cena contemporânea brasileira e internacional – Jefferson Medeiros, Gabriela Noujaim, Amélia Sampaio e Leo Ayres – foram convidados a criar obras inspiradas em temas de relevância que se relacionem com os Direitos Humanos e a curadoria do Memorial buscou trechos da Declaração Universal dos Direitos Humanos que se adequam à essência de cada obra e que estarão destacados junto das mesmas. Os trabalhos inéditos exibidos na Varanda seguem os mesmos princípios curatoriais da exposição de longa duração do Memorial, focando, por exemplo, nas atitudes de resistência e resiliência, na vítima e não no perpetrador, na vida e não na morte.
“Na proposta do Memorial, as obras de arte na Varanda exercem, de forma abrangente, um papel de atualização de modos de opressão e de conexão com os Direitos Humanos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada em 1948, emergiu como uma necessidade após os horrores do Holocausto e da Segunda Guerra Mundial e faz referência a estes logo em seu preâmbulo”, explica Carlos Reiss, um dos curadores do Memorial e um dos responsáveis pela seleção curatorial dos artistas. Além de Reiss, Alfredo Tolmasquim, coordenador curatorial do Memorial, participou da idealização do conteúdo expográfico da Varanda e da escolha dos artistas, a partir de uma pré-seleção da consultora de arte contemporânea Marta Niklaus.
Na conceituação da Varanda, a equipe curatorial buscou artistas brasileiros que trouxessem representatividade, priorizando nomes que já trabalhavam com a temática de grupos oprimidos e marginalizados e que tivessem identificação pessoal com as causas. O objetivo é trazer para a reflexão questões como o racismo, invisibilidade social, violência, ancestralidade, formas de reparação da dor, memória e esquecimento.
“A arte tem a característica de universalizar sentimentos, medos e angústias; atributos de todos os seres humanos, independentemente do local, da época e do contexto histórico no qual vivem ou viveram. Ela é uma expressão universal, que destaca valores compartilhados em todo o mundo. A proposta da Varanda tenta expressar esta universalização e se relacionar diretamente com os períodos retratados na parte interna: o antes, o durante e o depois do Holocausto”, complementa Reiss.
O artista carioca Jefferson Medeiros assina a obra “Segura”. Ele parte do lugar social periférico que ocupa na sociedade e da produção do filósofo camaronês Achile Mbembe para refletir sobre uma estrutura social que conserva amarras herdadas desde a colonização, além de se debruçar sobre as relações urbanas contemporâneas, com suas violências, exclusões, antagonismos e cercamentos. Fazendo uso de arame, remete às cercas que ao mesmo tempo dão a sensação de proteção, mas também segregam. Construída em forma de espiral, a obra dialoga com a arquitetura do prédio, fazendo com que as circularidades e os caminhos labirínticos interajam com os ciclos de vida.
Já na obra “Amor além da dor”, Gabriela Noujaim representa a superação das mulheres vítimas de vários tipos de violência, como a perda dos filhos em conflitos policiais nas comunidades do Rio de Janeiro, a agressão doméstica, ou a violência social. Sua forma redonda e a silhueta feminina remetem à imagem da Mãe Terra.
A artista carioca Amélia Sampaio, que atualmente vive na França, apresenta um trabalho derivado da performance “Bordas” que faz referências à luta pela existência e à reparação às dores de mulheres negras, indígenas e todos os vulneráveis que necessitam se reinventar sem jamais sucumbir às adversidades. Em “Bordas”, a artista cortou 60 cabos com espinhos de rosas vermelhas simbolizando a separação entre a parte suave da vida – os botões macios – da parte espinhosa que nos fere. O ato de bordar no vestido os cabos espinhosos remete ao movimento de absorver as feridas por meio da resiliência e do recomeço. No Memorial, estarão expostas fotografias que remetem a esta performance.
A instalação de Leo Ayres é fruto de oficinas de serigrafia, organizadas com membros da comunidade LGBTQIA+. Os participantes exploram essa técnica orientados pelo artista e escolhem livremente os desenhos e palavras que irão imprimir em camisetas. O resultado da criação coletiva faz parte da instalação.
Sobre o Memorial
O Memorial às Vítimas do Holocausto, localizado no Mirante do Pasmado, em Botafogo, no Rio de Janeiro, foi idealizado pelo ex-deputado Gerson Bergher e tem como objetivo preservar e tornar conhecidas as histórias das vítimas da perseguição e do genocídio empreendido pelo nazismo que atingiu judeus, ciganos, negros, pessoas com deficiência física e mental, comunidade LGBTQIA+, Testemunhas de Jeová e maçons. Sua exposição de longa duração propõe uma reflexão sobre a importância dos direitos humanos, da democracia, da justiça, da tolerância, da liberdade, do respeito à diversidade e ao pluralismo como valores e princípios éticos fundamentais do ser humano.
O Memorial às Vítimas do Holocausto é uma realização da Associação Cultural Memorial do Holocausto, com apoio institucional da Prefeitura do Rio, e concepção curatorial e implantação museográfica do IDG, tendo a Multiplan como patrocinador máster. A equipe de curadoria do Memorial é composta por Alfredo Tolmasquim, Carlos Reiss, Michel Ehrlich e Sofia Débora Levy, e a Diretora Criativa do projeto, Liana Brazil. O IDG contou com a SuperUber na criação e desenvolvimento da museografia.
Mídias sociais – Memorial às Vitimas do Holocausto:
Serviço:
Endereço: Alameda Embaixador Sanchez Gavito, s/n – Mirante do Pasmado, Botafogo.
Acesso pela Rua General Severiano.
Horário de funcionamento da exposição:
De quinta a domingo, das 10h às 17h
Classificação indicativa: 12 anos
Horário de funcionamento do Parque Yitzhak Rabin: Todos os dias, de 8h às 22h
Ingressos: gratuitos e devem ser retirados pelo site da Sympla