Dados da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), mostram que, desde 2000, foram registrados 990 projetos de hidrogênio no mundo, sendo 67 países com ao menos uma iniciativa na área. Somente quatro são originários do Brasil.
Além disso, projeção do Hydrogen Council, aponta que apenas projetos de larga escala anunciados a partir de 2021 somam investimentos de cerca de US$ 500 bilhões até 2030. O estudo avaliou, principalmente, as oportunidades e desafios da utilização de hidrogênio sustentável como vetor energético em direção a uma economia de baixo carbono.
O chamado hidrogênio verde, conhecido como combustível do futuro, tem alto potencial energético e é visto como peça fundamental de um futuro neutro em carbono, daí o enorme potencial de capacidade para descarbonizar a indústria. Ele é fabricado por meio da eletrólise da água e a energia utilizada na produção é renovável, como a solar ou a eólica. Assim, o processo químico quebra as moléculas da água em hidrogênio e oxigênio sem queima ou liberação de CO² na atmosfera. O hidrogênio que não é verde é atualmente produzido com o auxílio de combustíveis fósseis.
No Brasil, um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que os setores industriais de refino e fertilizantes têm potencial de uso imediato do hidrogênio sustentável como estratégia de descarbonização. Já siderurgia, metalurgia, cerâmica, vidro e cimento são os que apresentam o maior potencial para adoção do hidrogênio sustentável no curto e médio prazo, ou seja, entre 3 e 5 anos.
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O gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, considera que o hidrogênio sustentável é visto como uma alternativa viável para vários países. Segundo ele, o Brasil tem uma considerável capacidade competitiva para investir no setor e diz que a medida contribuirá para o desenvolvimento econômico do país.
“Vai desenvolver uma nova cadeia a partir de uma quantidade imensa de investimentos. Ou seja, vamos gerar renda, vamos gerar emprego e vamos gerar arrecadação para as regiões e proporcionar um desenvolvimento regional e colocar o Brasil como um dos grandes players nessa agenda de transição energética”, pontua.
Economia de baixo carbono No evento “Estratégia da Indústria para uma Economia de Baixo Carbono”, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nos dias 16 e 17 de agosto, os debatedores falaram sobre a importância da redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa.
Entre os assuntos abordados no evento estavam as novas tecnologias voltadas para o hidrogênio. Na ocasião, foi destacado o trabalho desenvolvido no Porto do Pecém, no Ceará. Segundo a diretora comercial do Porto, Duna Uribe, o local dispõe de um HUB de Hidrogênio Verde (H2V) que visa transformar o território cearense em um fornecedor global desse tipo de combustível.
“É um local dentro da Zona de Processamento de Exportação onde as indústrias receberiam as energias renováveis, receberiam água de reuso de Fortaleza e fabricariam o hidrogênio. Nós entendemos que todas essas empresas já estão tomando suas decisões de fazer o transporte de Hidrogênio Verde através da amônia, e então ter a exportação”, afirmou.
Ainda segundo Duna Uribe, quando se utiliza o hidrogênio como combustível, em vez de fontes não renováveis, há uma anulação da emissão de dióxido de carbono (CO²) na atmosfera.
O evento é uma preparação do setor para a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), que será realizada em novembro, no Egito.
O intuito do encontro é discutir a contribuição do país para atingir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa estabelecidas no Acordo de Paris, assim como as oportunidades de negócios para a descarbonização da indústria nacional.