Aos 82 anos e energia de sobra, o cineasta mineiro (“rei dos malditos”) Neville D’Almeida esteve, hoje, no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, Centro do Rio, para dar aquele confere na inauguração de uma instalação feita por ele e Hélio Oiticica em 1973, quando os dois estiveram juntos em Nova York. Trata-se de uma das cinco obras de arte em menor porte criadas pela dupla para a série “Cosmococa – Programa in Progress”, apresentada ao público pela primeira vez, meia década depois.
“Ela marca o início da arte contemporânea no Brasil, um marco. A primeira obra com o nome instalação”, disse o cineasta, que também atua como roteirista, escritor, fotógrafo e artista multimídia. Ele e Oiticica foram muito amigos.
“Hélio e eu nos conhecemos dois anos antes no Rio e decidimos criar um trabalho misturando artes visuais e cinema. Algumas das peças já percorreram mais de 40 países, mas esta é inédita. São obras que foram pensadas para serem montadas no futuro, mesclando fotografia e música. Ficou combinado de eu fazer as fotos e ele, o desenho de como seria, mas acabamos invertendo tudo.”
“Cosmococa 5 Hendrix War (versão privê)” foi pensada para residências particulares, em razão disso será apresentada aos cariocas com mobília e obras de outros sete artistas: Alexandre Murucci, Anna Costa e Silva, Elmo Martins, Julianne Chaves, Lígia Teixeira, Paulo Jorge Gonçalves e Rita Chaves. Tudo isso ao som do álbum “War Heroes”, de Jimi Hendrix (1972), e ao sabor de um conjunto de redes para deitar e relaxar. Mais de 1,7 mil pessoas circularam pelo espaço durante a abertura.
Feita em homenagem a Hendrix (1942-1970), a obra integra uma tour mundial em celebração aos 50 anos da emblemática série de instalações criada pela dupla, com projeções, trilhas sonoras e proposições para interação. Em seguida, a mesma vai para Nova York e, na volta, para o Inhotim, de acordo com a vontade de Neville.
“Ao todo são 11 instalações multimídias sensoriais que compõem o ‘Cosmococas – Programa in Progress’, (sendo algumas de maior porte) e todas elas criam diversas formas de participação do público, com o objetivo de deixar as pessoas em um estado de invenção, que pode ser identificado como um exercício experimental de liberdade, conceito criado por Mário Pedrosa, um dos maiores críticos de arte do século 20”, ressalta César Oiticica Filho, sobrinho de Hélio e diretor artístico do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, equipamento que integra a rede da Secretaria Municipal de Cultura do Rio.
Quarenta e cinco anos depois de emplacar a quinta maior bilheteria brasileira da história, com “A Dama do Lotação”, Neville d’Almeida vai estrear seu mais novo filme, “Bye bye Amazônia”, sobre a floresta e “estes tempos sombrios”. O lançamento será no próximo dia 13/06, no Estação Net Botafogo.
O Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica é um dos 20 equipamentos da Secretaria Municipal de Cultura do Rio que sofrerão obras de reforma, modernização e requalificação. Faz parte do programa Cultura do Amanhã, anunciado pelo secretário Marcelo Calero, cujo investimento será de R$ 75 milhões. As obras começam em agosto, de forma gradual, e incluem outros espaços culturais da rede, assim como teatros, museus, lonas, arenas e areninhas.
O edifício no estilo neoclássico foi construído no ano de 1872 para sediar o Conservatório Nacional de Música. Seus 1.950 m² são constituídos por três andares, oito galerias para exposições, três salas multiusos, uma sala de pesquisa e auditório. Em abril, a Secretaria Municipal de Cultura reabriu a Galeria 8, que fica no 3º andar, a maior daquele equipamento, com aproximadamente 380m². O Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica foi fundado em 1996. César Oiticica Filho – sobrinho de Hélio – , é o diretor artístico do espaço e gestor do seu legado. São três andares, sendo seis espaços de exposição, duas salas multiuso, dois mezaninos, sala de leitura, auditório com cem lugares e um café/restaurante.
O edifício foi construído em 1872 para sediar o Conservatório Nacional de Música, ampliado em 1890, sob a orientação do arquiteto italiano Sante Bucciarelli.
O térreo e o 1° andar são ocupados pelo Programa Hélio Oiticica, uma plataforma experimental que coloca a obra de HO como um campo de experiências transdisciplinares em diálogo com obras de outros artistas de diferentes períodos, também com aulas, performances, peças teatrais, exposições, intervenções e estudos do corpo, entre outros. No segundo andar ficam expostas algumas obras do artista pertencentes à família