O Evangelho segundo J.J. Benítz

Diário Carioca

Ouvi falar de Operação Cavalo de Troia (Caballo de Troya, Editorial Planeta, Barcelona, Espanha, 1984; Editora Mercuryo, São Paulo, 1987, 557 páginas), do jornalista e escritor espanhol Juan José Benítez López (Pamplona, 7 de setembro de 1946), conhecido por J.J. Benítez, no início dos anos 1990, quando fui editor da sessão de livros do Correio Braziliense, mas só fui ler agora o primeiro volume da série, hoje, com nove títulos; terminei ontem a leitura. Trata-se de um romance extraordinário.

Cheguei, anos atrás, a folhear o volume I, certo na passagem de quando o major que volta ao tempo cruza com o olhar de Jesus Cristo. Mais tarde, conversando com um professor da Escola Nacional de Acupuntura (Enac), ele me disse que chorou nessa parte do livro.

No início de outubro, passei no Sebo do Ed, na Quadra II do Setor Comercial Sul, e dei com Operação Cavalo de Troia. Comprei-o imediatamente, assim como o volume II, Segunda Viagem. Demorei um pouco para ler o primeiro volume porque recria minuciosamente a vida de Jesus Cristo durante uma semana, até a Ressurreição; leitura densa, que requer pausas. Mas não largamos o livro. A propósito, a série já vendeu mais de 6 milhões de exemplares. O último volume, IX, foi lançado em 2011.

Tanto a editora quanto o autor dão a entender que Operação Cavalo de Troia é jornalismo, mas é ficção. Começa que o argumento da história é uma operação da Força Aérea dos Estados Unidos que envia, por meio de uma máquina do tempo, dois agentes para acompanhar os últimos dias de Jesus Cristo, e o passado não existe, razão pela qual é impossível retroceder no tempo. Todos os experimentos físicos são baseados em teorias matemáticas e não há sequer uma teoria sobre a possibilidade de se voltar no tempo.

Mas além de fazer um levantamento minucioso de como era Jesus Cristo e o ambiente em que vivia, J.J. Benítz aborda um assunto interessantíssimo: o Universo, ou seja, a matéria, baseada no átomo, foi construído por espíritos evoluídos, agentes de Deus, os deuses antigos, ou os atuais ETs.

Hoje, dispomos de grande quantidade de livros sobre isso, psicografados ou escritos por especialistas, como o próprio J.J. Benítz e os brasileiros Laércio Fonseca, médium e astrofísico, e Jorge Bessa, médium, especializado em inteligência de Estado, espiritualista, pesquisador e escritor, com mais de duas dezenas de livros publicados, um dos quais sobre a Operação Prato, a maior operação brasileira investigando Ovnis e ETs, que ocorreu no litoral do Pará, documentada pela Força Aérea Brasileira.

Benítz começou o curso de jornalismo na Universidade de Navarra, em 1962, trabalhando em vários diários espanhóis. Em 1972, começou a investigar o fenômeno Ovni, na Força Aérea Espanhola. Em 1975, afirmou ter se encontrado com ETs no deserto de Chilca, no Peru, fato retratado no seu primeiro livro, Ovnis – SOS à Humanidade.

Além de livros, Benítz também produziu documentários para a televisão, fez conferências, deu entrevistas e escreveu artigos sobre Ovnis, despertando a fúria na comunidade científica espanhola, que o acusou de falta de rigor científico. Da mesma forma que fazem hoje no Brasil Laércio Fonseca e Jorge Bessa, Benítz não deu a mínima para os donos da verdade. Afinal, o trio conta atualmente com livros de Allan Kardec, Ramatís, Chico Xavier, André Luiz, para citar uns poucos.

Quem não gostou também de Operação Cavalo de Troia foi a Igreja Católica Apostólica Romana, hoje uma cidade-estado. Benítz mostra que vários detalhes dos acontecimentos presenciados pelo major Jasão, personagem que volta ao tempo, são diferentes do que narra o Novo Testamento, por duas razões: os evangelistas eram pessoas simples e não compreendiam totalmente o que estava acontecendo, e não estavam o tempo todo com Jesus Cristo. 

O Jesus Cristo da Operação Cavalo de Troia dispensa templos e rituais, pois prega e dá o exemplo de que precisamos apenas amar, a nós mesmos e ao próximo. Laércio Fonseca sustenta que Jesus Cristo foi um dos inúmeros avatares que encarnam o tempo todo na Terra, até o fim dos ciclos, com a missão específica de reduzir as trevas em que o hoje Israel se encontrava em torno do ano 30, sob as severas leis judias e a espada sem complacência de Roma. Só teve seu nome projetado na Europa e depois nas Américas porque Roma criou a Igreja, com base no Novo Testamento.

Os evangélicos, ou protestantes, aguardam a volta de Jesus Cristo, mas, segundo Laércio Fonseca, Ele deve estar em missões pelo Universo. O Jesus Cristo que todos esperam é, portanto, a evolução moral de cada um de nós, pois o amor é a força que nos transporta para os planos da luz e dos ascensionados.

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca