O Instituto Italiano de Cultura Rio de Janeiro, em parceria com a Reserva Cultural de Niterói, apresenta, a partir do dia 3 de setembro, a exposição fotográfica de Valentina Vannicola, o Inferno di Dante.
A investigação fotográfica de Valentina Vannicola pertence ao gênero da fotografia encenada, também conhecida como posada ou ensaiada, e seus projetos se concentram frequentemente na transposição fotográfica de obras literárias e contos. Trabalhando no texto a autora chega à decomposição deste numa espécie de storyboard a partir do qual cria uma encenação em tableaux vivant meticulosos.
O Inferno de Dante é o resultado da transposição para imagem do primeiro cântico da Divina Comédia de Dante Alighieri. Neste trabalho de 2011, as potencialidades apresentadas em projetos anteriores são expandidas por meio de uma interpretação coral das punições e de cada condenado. A obra consiste em quinze fotografias e um grande esboço preparatório. Como em outras obras, para o Inferno de Dante, Valentina Vannicola capturou suas imagens em Tolfa, sua cidade natal, em meio à maremma lacial ao norte de Roma, com o envolvimento da comunidade local que se prestou a encenar as composições mais extravagantes, transformando as fotografias em um projeto coletivo.
Em 2021, por ocasião dos 700 anos de Dante, o MAXXI – Museu Nacional das Artes do Século XXI de Roma adquiriu e expôs toda a série.
O Inferno de Dante
Por ocasião das comemorações do 700º aniversário da morte de Dante, o MAXXI apresentou o Inferno de Dante de Valentina Vannicola, projeto que este ano entra para as coleções de fotografia do Museu. As quinze fotografias expostas dão forma a um percurso em espiral nos quais se alternam os pecadores descritos pelo poeta no primeiro dos três cânticos: a partir da Porta do Inferno, encontram-se as almas dos condenados à espera nas margens do Aqueronte, dos suspensos no Limbo, o corpo vegetal dos suicidas, assim como as almas arrastadas pela tormenta de Paolo e Francesca, dos simoníacos, condenados a serem enterrados virados de cabeça para baixo, até a de Mastro Adamo, forçado à imobilidade e ressecado pela sede.
Ambientadas nos arredores de Tolfa (Roma), local de origem da artista, as fotografias foram realizadas envolvendo os próprios moradores como atores. Protagonista, ao mesmo nível da ação, é a paisagem árida da maremma lacial que, com os tons infinitos de ocre, marrom, prata, bronze, dourado, confere às imagens um preciso significado emocional e conceitual. Na obra de Valentina Vannicola, pertencente ao género da fotografia encenada, a componente literária funciona como uma pista a ser seguida, aprofundada e reinterpretada: é uma espécie de input para dar início ao processo criativo livre e pessoal que conduz à visualização de uma imagem que toma forma na primeira instância em um esboço. A imagem é então concretizada no clique final, fruto de um complexo trabalho de produção em que o autor assume o papel de roteirista, figurinista, diretor e também fotógrafo.
A continuidade tonal, a sequência rigorosa e os planos meticulosamente estudados constroem uma história concisa, intensa, mas também poderosamente imaginativa e cheia de referências simbólicas, capaz de reinterpretar em tom contemporâneo e coral uma das obras mais ‘visuais’ da história da literatura.
Sobre Valentina Vannicola
Valentina Vannicola, Roma 1982, graduou-se em Filmologia na Universidade La Sapienza de Roma e posteriormente formou-se na Scuola Romana di Fotografia. Toda a sua prática artística pode ser conduzida ao gênero da fotografia encenada.
Seu trabalho foi exibido em várias galerias e festivais, entre os quais: Maxxi – Museu Nacional das Artes do Século XXI em Roma; AuditoriumArte em Roma; Instituto Italiano di Cultura e Head On Photo Festival em Sydney; festival Circulation(s) em Paris; Instituto Italiano di Cultura de Melbourne; Gallery Central em Perth; Palazzo Ducale de Gênova; Espace André Malraux Herblay na França; Triennale di Milano e o Vision Lab / Triennale di Milano da Mediateca di S. Teresa em Milão; Feira de Arte de Bolonha; Viena Fair; Bassano Fotografia; Bellaria Film Festival; Galleria Al Blu di Prussia em Nápoles; Galleria Wuderkammern em Roma; Urban Center de Rovereto; Mia Art Fair; CiternaFotografia Festival; Fotografia Festival; Macro – Museu de Arte Contemporânea de Roma; Centro Italiano de Fotografia de Autor, Auditorium Parco della Musica em Roma; s.t. Galleria em Roma.
Em 2011 publicou com a editora Postcard, L’Inferno di Dante, com a curadoria de Benedetta Cestelli Guidi. Em 2020 trabalhou num projeto no âmbito do Universo Olivetti. Comunidade como utopia concreta promovido pelo Museu MAXXI, Fundação Adriano Olivetti e pelo Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional da Itália.
Em 2021, o Inferno de Dante entrou para as coleções de fotografia do Museu MAXXI.
Seu trabalho recebeu vários prêmios, incluindo: Prêmio Combat Prize, menção especial, 2018; primeiro prêmio como melhor portfólio na Fotografia Europea, 2017; Prêmio Fundación Ankaria / PHotoEspaña – Descubrimiento PHE, melhor portfólio, 2017; Prêmio Francesco Fabbri como finalista de Arte Contemporânea, 2012; Prêmio Internacional Limen Arte, 2010; segundo prêmio de melhor portfólio no Festival Fotoleggendo, 2010.
Suas imagens foram publicadas por vários periódicos e jornais, incluindo: L’Espresso, D di Repubblica, Philosophie Magazine, Il Manifesto, Marie Claire, Zadig le mag, Insidart e Aracne.
Serviço
Inferno de Dante
De Valentina Vannicola
Abertura: dia 3 de setembro
Visitação: Até 8 de outubro de 2022
Curadoria e realização: Instituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro
Diretora: Livia Raponi
Equipe: Elizabeth Thompson, Francesco Trapanese, Giovanni Maria Ponta di Colnago, Riccardo Cavagnera e Riccardo Scafati
Local: Reserva Cultural – Niterói
Endereço: Av. Visconde do Rio Branco, 880 – Bairro São Domingos – Niterói
Apoio: Scuola di Cultura
Agradecimentos: Jean-Thomas Bernardini, Vilmar Madruga, Diego Julião
Entrada: Franca
Classificação: Livre
