Clássico de João Ubaldo Ribeiro ganha montagem inédita sob a direção de André Paes Leme, no Teatro Riachuelo Rio

Diário Carioca
Clássico de João Ubaldo Ribeiro ganha montagem inédita sob a direção de André Paes Leme, no Teatro Riachuelo Rio

‘Viva o Povo Brasileiro’ é considerado uma das principais obras do escritor João Ubaldo Ribeiro. João, que recebeu o Prêmio Camões de Literatura, também recebeu o Prêmio Jabuti por Viva o Povo Brasileiro. O livro foi enredo da Império da Tijuca, em 1987. Agora, o livro ganha uma inédita versão musical para o teatro, produzida pela Sarau Cultura Brasileira, com o título de ‘Viva o Povo Brasileiro (De Naê a Dafé)’. Com 30 músicas originais compostas por Chico César, com letras inspiradas e/ou utilizando parte textual da obra de Ubaldo; direção musical e trilha original de João Milet Meirelles (da banda BaianaSystem), a pesquisa para a montagem teve início na investigação de doutorado feita na Universidade de Lisboa, pelo diretor André Paes Leme, que já adaptou com o sucesso para o teatro ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’, ‘A hora e vez de Augusto Matraga’ e ‘Engraçadinha’. A estreia nacional acontece em 25 de agosto, no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro, onde fica em cartaz até o dia 01 de outubro e conta com o patrocínio do Nubank, através da lei federal de incentivo à cultura. O desejo de falar do que seria esse povo brasileiro a partir da ótica crítica e do humor de João Ubaldo Ribeiro, provocou o nascimento do projeto. “Não há possibilidade de entender o povo brasileiro sem compreender que todos nós somos o povo brasileiro, desde os povos originários até os imigrantes que chegaram muito tempo depois. Criamos esse espetáculo, que praticamente pega um terço do livro, mas traz a essência da obra, que está ligada à ideia de ancestralidade, de espiritualidade, da luta contra a escravidão, por uma igualdade e justiça social, e especialmente está ligado à força feminina, que é algo muito forte a partir da personagem da Maria Dafé, que é a grande heroína”, diz André. O livro de João Ubaldo Ribeiro tem cerca de 700 páginas e percorre 400 anos da história do Brasil. A trama, ambientada em Itaparica, fala de uma alma que quer ser brasileira. Primeiramente, ela encarna em indígenas, até o primeiro personagem, o Caboclo Capiroba, em 1640, que é enforcado pelos portugueses colonizadores, mas tem uma filha que se chama Vu, e dela descendem as mulheres da história. A alma depois reencarna em um Alferes, em 1809. Esse Alferes sonhava em ser um herói brasileiro e tem morte súbita protegendo Itaparica da invasão portuguesa. Morre cedo, mas consegue ser considerado herói. A alma fica mais desejosa de ser brasileira e vai encarnar na personagem Maria Dafé, que é filha da Vevé (Naê), tataraneta de Vu. Ela foi estuprada pelo Barão, que, quando sabe da gravidez, manda o negro Leléo tirar Vevé de Itaparica. Leléo é um negro liberto, que já tem muito dinheiro e que cuida de Dafé como sua verdadeira neta, dando ensino e escola. Aos 12 anos, Dafé assiste ao assassinato da mãe a facadas, por homens que queriam violentar as duas. Isso é o gatilho para Dafé virar a heroína da história. Para embalar toda essa trama, Chico César compôs 30 canções, que ganharam arranjos de João Milet Meirelles e a colaboração do elenco. No palco, três músicos e dez atores que interpretam, cantam e tocam. Além do elenco fixo, cada cidade por onde o espetáculo passará ganhará um coro composto por atores iniciantes / estudantes, locais, que ajudarão a dar vida à essa epopeia. “Esse é meu terceiro trabalho com a Sarau. Nós fizemos ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’ e ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’. Para compor as músicas, eu parti da palavra do escritor e busquei a sonoridade da escrita. Trouxe muito da minha formação intuitiva da música negra, brasileira, baiana, porque o livro se passa em Itaparica e Salvador. Fiquei feliz quando soube que era o João Meirelles quem seria o diretor musical, porque o BaianaSystem é o grupo com maior expressão dessa contemporaneidade da música negra brasileira”, conta Chico César. Em seu segundo trabalho com o teatro musical, João Milet Meirelles trouxe para ‘Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)’ uma construção coletiva com referências da música baiana contemporânea e da tradicionalidade. “Existe também um apontamento para o futuro. Tem muita percussão, cordas, sanfona, piano. São três músicos e um elenco também muito competente musicalmente. Tem essa diversidade como uma linha que vai conduzindo tudo. É uma construção coletiva com o processo de experimentação”, define João Milet Meirelles. André Paes Leme é encenador formado na UNIRIO, Mestre e Doutor em Estudos de Teatro pela Universidade de Lisboa. Já realizou mais de 50 espetáculos, entre peças teatrais, concertos musicais, óperas e eventos comemorativos de relevância cultural. Suas últimas encenações foram: A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa (2020), Agosto (2017), Esperança, de César Mourão (2015), Amigo Cyro muito te admiro, de Rodrigo Alzuguir (2014). O Lugar escuro, de Heloisa Seixas (2013). Arresolvido, de Erida Castello Branco (2012). Um Rubi no Umbigo, de Ferreira Gullar (2011). Hamelin, de Juan Mayorga (2009), pelo qual recebeu o Prêmio APTR/2010 de melhor direção. Candeia, de Eduardo Rieche (2008). A hora e vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa (2007). Uma última cena para Lorca, de Antônio Roberto Gerin (2005). Grande Othelo, de Douglas Dwight (2004). Chega de sobremesa, de Stela Freitas (2002). Engraçadinha, de Nelson Rodrigues (2001). Pequenos trabalhos para velhos palhaços, de Matei Visniec (2000). A Sarau Cultura Brasileira, fundada em 1992, construiu um consistente currículo no mercado cultural carioca, atuando na pesquisa e viabilização de projetos para a recuperação da obra de artistas brasileiros, nos mais diferentes formatos, do palco à internet. Hoje, com larga experiência e reconhecimento no meio e mercado cultural, a Sarau tem a sua própria memória, riqueza de conteúdo e capacidade de realização inquestionável. Em três décadas de um ciclo virtuoso, a Sarau realizou mais de 160 projetos, dentre eles 53 de teatro, 46 de música, 21 Cds, além de projetos de acervo, festivais, publicações de livros e exposições. A primeira produção audiovisual veio junto com a pandemia: Elza Infinita. Um documentário sobre Elza Soares, a partir da peça escrita por Vinicius Calderoni, dirigida por Duda Maia, em 2017. O filme, dirigido por Natara Ney e Erika Candido, foi uma coprodução com o Canal GNT e ganhou o New York Festivals, na categoria prata de Melhor Documentário. Levou o teatro para o palco digital na pandemia, exibindo no YouTube e simultaneamente com canais de televisão alguns espetáculos. Nessa estrada, a Sarau teve a alegria de ser indicada um sem número de vezes e ter criadores e projetos contemplados com mais de 100 prêmios. Ficha Técnica Da obra de João Ubaldo Ribeiro Diretor e dramaturgo: André Paes Leme Músicas originais: Chico César Direção musical e trilha original: João Milet Meirelles Direção de produção e produção artística: Andréa Alves Com Alexandre Dantas, Guilherme Borges, Hugo Germano, Izak Dahora, Jackson Costa, Ju Colombo, Júlia Tizumba, Luciane Dom, Maurício Tizumba e Sara Hana. Diretora de projetos: Leila Maria Moreno Coordenador de Produção: Rafael Lydio Diretor Assistente: Anderson Aragón Consultoria: Ynaê Lopes Desenho de som: Gabriel D’Angelo Iluminação: Renato Machado Cenografia: Natália Lana Figurino: Marah Silva Preparação corporal e direção de movimento: Valéria Monã Visagismo: Cora Marinho Serviço Ensaio aberto: 24 de agosto (sem venda de ingresso), às 20h. Temporada: De 25 de agosto a 01 de outubro – Quinta a Sábado às 20h. Domingos às 18h. Vendas Sympla ou bilheteria do teatro: Quintas-feiras: Plateia VIP: R$ 100,00 (inteiro) e R$ 50,00 (meia entrada). Plateia: R$ 80,00 (inteiro) e R$ 40,00 (meia entrada). Balcão Nobre: R$ 80,00 (inteiro) e R$ 40,00 (meia entrada). Balcão: R$ 39,00 (inteiro) e R$ 19,50 (meia entrada). Sextas, Sábados e Domingos: Plateia VIP: R$ 120,00 (inteiro) e R$ 60,00 (meia entrada). Plateia: R$ 100,00 (inteiro) e R$ 50,00 (meia entrada). Balcão Nobre: R$ 80,00 (inteiro) e R$ 40,00 (meia entrada). Balcão: R$ 39,00 (inteiro) e R$ 19,50 (meia entrada). Classificação Indicativa: 14 anos. Teatro Riachuelo Rio Rua do Passeio 38/40, Centro Cel: (21) 99566-7469

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