História, educação, musicalidade, poesia, dança, pertencimento, respeito e amor se misturam e entram em cena através do espetáculo “Minha avó sempre me disse”, protagonizado por Ana Magalhães, Beà Ayòóla, Bina Chaves, Dai Ramos e Tati Villela, que estreia neste sábado (30), às 16h, no Teatro SESC Madureira, no Rio de Janeiro. No palco, as atrizes fazem uma travessia cultural para contar histórias de suas referências de terras ancestrais, pautadas sob tecnologias e memórias de suas avós.
A peça aborda e ressignifica as travessias transatlânticas de mulheres pretas que vieram antes. O trabalho destaca ainda a importância da valorização dos antepassados e das histórias ancestrais para ressignificar o presente. “A peça é uma montagem que combina poesia-teatro-música-dança-ritual, contemplando os elementos da natureza e a ancestralidade, ao som dos instrumentos tradicionais do oeste africano, da diáspora e da contemporaneidade eletrônica”, ressaltou a percussionista Ana Magalhães, uma das integrantes do grupo.
O projeto, iniciado em 2019 após trabalho investigativo do grupo Dembaia, é baseado na filosofia do povo Akan (habitante da antiga Costa do Ouro, o atual Gana), onde se utiliza a simbologia poética de um dos Adinkras (conjunto de ideogramas), o Sankofa: um pássaro que volta a cabeça à cauda, significando que “nunca é tarde para voltar e apanhar aquilo que ficou atrás”.
Com a potência dessas cinco mulheres mulheres ocupando o centro da cena, a performance do Despertáculo aborda o universo de memórias afetivas das integrantes, onde o contato com as lembranças sobre suas avós possibilitou uma releitura sobre essas relações matri focalizadas, as quais, resgatam ainda, sensorialidades afetivas sobre suas ancestrais. Em lembrança de Aruanda, por exemplo, são demonstradas conversas, cantos de jongo ou capoeira ou blues ou jazz ou o som dos Tambores da África do oeste, as histórias dessas mulheres. Já os provérbios africanos trazem à tona os “ditados populares”, culturalmente contados por avós.
Sob uma narrativa que perpassa o tempo e se confunde com o cotidiano das protagonistas, a peça interliga a África ao Brasil com ritmos tradicionais do oeste africano. “No palco nós reunimos memórias e vivências das mulheres que constituem as histórias das integrantes do grupo, além de valorizarmos e celebrarmos os saberes ancestrais através de uma narrativa híbrida e performática”, reforça Ana.
E prosseguiu dizendo: “A expectativa é levarmos para o público um espetáculo com uma musicalidade única, reverenciando as histórias e vivências de mulheres pretas. Com essa circulação, queremos dialogar com um público específico, que se identifique com a narrativa que exalta a corporeidade periférica e celebra os saberes ancestrais”.
Ao todo serão oito apresentações do espetáculo “Minha avó sempre me disse” pelas unidades do SESC RJ espalhadas pelo estado. Em agosto, no dia 6, a peça sobe ao palco às 16h, no SESC São Gonçalo. Já no dia 12, no SESC Campos dos Goytacazes, no dia 20, no SESC São João de Meriti, seguindo no dia 25 no SESC de Barra Mansa e, no dia 27, no SESC Teresópolis, ambos às 19h. Em setembro, no dia 2 é a vez de subirem ao palco do SESC Niterói e, a última apresentação, acontece no dia 3, no SESC Nova Iguaçu, também às 19h.
Ficha Técnica:
Dramaturgia: Dembaia
Elenco: Ana Magalhães, Beà Ayòóla, Bina Chaves, Dai Ramos, Tati Villela
Provocadoras Cênicas: Bina Chaves e Tati Villela
Supervisão de Movimento: Nyandra Fernandes
Cenografia e Figurino: Rona Neves
Produção: Timoneira Produções Artísticas
Coordenação de Produção: Ana Beatriz Silva
Produção Executiva: Mariana Campos
Iluminação e Operação de luz: Zindi Gonzaga
Técnica de Som: Raquel Lázaro
Assessoria de imprensa: Laís Monteiro | Monteiro Assessoria
Designer: Ana Magalhães
Apoio: Terreiro Contemporâneo e Confraria do Impossível
SERVIÇO
Local: Sesc Madureira
Endereço: R. Ewbank da Câmara, 90 – Madureira, Rio de Janeiro
Data: sábado 30 de julho
Classificação: Livre
Ingressos: R$ 10 inteira, R$ 5 meia