Com a proposta de refletir sobre poder, ambição e corrupção, além de afirmar que Shakespeare pertence a todos, a Cia Atores da Fábrica, apresenta o espetáculo “Ricardo III Um Homem do Seu Tempo”, sob a direção de Wellington Fagner, supervisão de Julio Adrião e protagonizado por Alexandre O. Gomes, em uma nova temporada no Teatro Café Pequeno, no Leblon, com estreia nesta terça-feira (3), às 20h. As apresentações também acontecerão nos dias 3, 4, 10, 11, 12, 17, 18, 19, 24, 25 e 26 de outubro, sempre às 20h. A peça é um solo narrativo, que através de uma linguagem periférica, tem como ponto de partida a descoberta da ossada do monarca, Ricardo III, no ano de 2012 na cidade de Leicester, o que veio, segundo os ingleses, trazer sorte para o time de futebol Leicester City, culminando na conquista do campeonato inglês em 2016. Uma bola de futebol, uma capa, uma espada e três esqueletos são alguns dos elementos usados para contar essa história, reafirmando o quanto a obra de Shakespeare pode ser acessível. O ator Alexandre O. Gomes reflete sobre a necessidade de reivindicar o espaço do dramaturgo no cenário periférico contemporâneo. “Shakespeare era periférico. A elite o coloca em um lugar que não é real. Suas obras eram populares para aquela época e ao trazê-la para os dias atuais devemos manter sua essência popularesca, tornando-a acessível a todas as pessoas. Isso também é uma política de afirmação territorial, onde montar um Shakespeare periférico é dizer que, nós periféricos, precisamos de acesso a outros espaços”, afirma. Em tempos onde as questões de corrupção se mantêm persistentemente atuais, a peça convida à reflexão. “Infelizmente, o tema da corrupção ainda é atual, talvez porque não evoluímos o bastante enquanto seres humanos, daí a sede pelo poder e a ganância vem à tona e se manifesta através dos tempos principalmente na política. Em Ricardo III, Shakespeare levanta essa questão e nos faz refletir sobre ela ainda hoje”, comenta Alexandre. Como um envolvente solo narrativo, Alexandre se metamorfoseia, alternando entre os muitos personagens, trazendo cada um à vida com diferentes nuances. Ele é acompanhado do músico Mateus Amorim, responsável por criar uma paisagem sonora ao vivo, utilizando instrumentos de percussão, metais, e objetos improvisados como taças e peças de carro. Alexandre destaca a importância dessa apresentação no teatro Café Pequeno como uma política afirmativa. “A história da sociedade é sem dúvida a história da luta de classes. Estar em cartaz com essa peça, neste lugar, nos permite dizer que Shakespeare não é uma propriedade intelectual da burguesia”, destaca o ator. Esta encenação não apenas se preocupa em trazer a essência de Shakespeare para os tempos modernos. “Podemos acessar Shakespeare sem muitas elucubrações e misticismo. Ele foi e ainda é popular, não pertencente a uma classe dominante, e todas as pessoas podem entendê-lo”, conclui. Cia Atores da Fábrica A cia Atores da Fábrica é formada por alunos e ex-alunos, da escola Fábrica dos Atores e Materiais Artísticos (Escola livre F.A.M.A.), e vem desenvolvendo, uma pesquisa de linguagem fundamentada no teatro físico, sempre com cunho político social, tendo ao longo dos anos montado espetáculos como “O auto da Compadecida” de Ariano Suassuna com direção de Alexandre o. Gomes, “Construção” com direção de Alexandre o. Gomes e supervisão de Amir Haddad, o infanto juvenil “O mágico de Oxênte” com direção de Alexandre o. Gomes e Wellington Fagner, espetáculo esse que ganhou 17 indicações e 8 prêmios em festivais, tendo realizado circuito SESI cultural no ano de 2017. Atores da Fábrica também participou de importantes festivais como “a_ponte” do Itaú cultural, Encontrarte, Festival de Curitiba e intercâmbios internacionais. Ganhou em 2017 o prêmio Shell com a Rede Baixada Em cena, na categoria Inovação, pela SERVIÇO: Temporada Teatro Café Pequeno Dias: 3, 4, 10, 11, 12, 17, 18, 19, 24, 25 e 26 de outubro Horário: 20h Endereço: Av. Ataulfo de Paiva, 269, Leblon – RJ FICHA TÉCNICA Texto original: William Shakespeare Adaptação: Alexandre O. Gomes Direção: Wellington Fagner Direção de produção: Alessandra Fernandes Supervisão: Julio Adrião Atuação: Alexandre O. Gomes Paisagem sonora: Mateus Amorim Orientação de figurino: Dani Geamal Figurino: Alessandra Fernandes Iluminação: Alexandre O. Gomes Operação de luz: Michael Lincoln Assessoria de Imprensa: Monteiro Assessoria de Imprensa