Liberdade de expressão para todas as vozes

Diário Carioca

Na nossa sociedade, construída dentro do patriarcado, a voz masculina sempre foi a voz autorizada. Porém, não é toda voz masculina que tem livre expressão. A voz permitida tem cor e sexualidade: branca, hétero e cisgênero.  E é nesse panorama que o solo teatral “Notas sobre a voz” se apresenta, questionando a identidade masculina.

Com texto e interpretação de Max Mendes, sob a direção de Cesar Augusto, o espetáculo conta a trajetória de três homens gays, que tiveram suas espontaneidades reprimidas na infância, o que reflete na fase adulta. A peça, conduzida pelo narrador traz a trajetória de três personagens: Algodão-doce, O Garoto da Praia e O Máquina. O primeiro deles foi uma criança amável, carinhosa, mas que através da interferência social, se torna um homem hostil, que vive no armário. O segundo foi um menino solar, que por meio dos olhares julgadores se transforma num adulto estagnado, que até vive sua homossexualidade, mas não se aceita. Já o terceiro foi um garoto promissor, inteligente, que hoje vive sua sexualidade, mas com reflexos da repressão que foi conduzida no passado.

Dividido em cinco partes: ruído, polifonia, grito, voz de peito e ecos, o espetáculo foi inspirado no livro de poema de mesmo título que Max Mendes lançou de maneira independente para ressignificar um episódio de silenciamento ligado à homofobia na infância. Com referências dos anos 90, o trabalho leva ao palco as dores das “crianças viadas” como forma de cura.

A peça tem a direção de Cesar Augusto, membro fundador da Cia dos Atores, um dos principais grupos da cena teatral carioca, que tem na sua  trajetória diversos trabalhos ligados ao tema LGBTQIAPN+. Cesar dirigiu e atuou em dezena de espetáculos, entre eles Melodrama, Ensaio.Hamlet, Insetos e Conselho de Classe – sendo indicado aos prêmios Shell e APTR RJ, onde circulou pelo país e para diversos festivais internacionais na América Latina, América do Norte e Europa.

Max Mendes é ator, dramaturgo e roteirista, bacharel em Teatro. Já escreveu mais de dez peças de teatro, dentre elas ‘Cama de gato’ e ‘A Mansão Rosa’, que foi objeto de um artigo do livro “Olhares sobre texto e encenações”. O ator já atuou em diversos espetáculos, além de participação em novelas. As apresentações acontecen dentro do Fomento de Cultura Carioca (FOCA 2022), circulando por quatro arenas no Rio de Janeiro. Em todas as apresentações haverá a distribuição de dez exemplares do livro de poemas “Notas sobre a voz”, de Max Mendes, que inspirou o espetáculo. O autor ainda ministrará uma oficina de escrita criativa, voltada para elaboração de peças de teatro, de forma gratuita, em uma das arenas.

“Notas sobre a voz é um manifesto de (re)encontro, para que a voz dos LGBTQIAPN+ seja propagada”, conclui Max.

Ficha Técnica:

Texto e interpretação: Max Mendes Direção e cenografia: Cesar Augusto Preparação corporal: Anderson Peter Figurinos: Leandro Santos Produção: Sérgio Cardoso Fotos: Anderson Rangel Design Gráfico: Gabi Ferreira Produção de vídeos: Gabriel Chadan Assessoria de Imprensa: Ana Linhares e Isabel Ludgero Serviço:

Espetáculo: Notas sobre a voz

– 09/06 – 19h Arena Carioca Fernando

Torres, em Madureira

– 16/06 – 19h Arena Carioca Jovelina

Pérola Negra, na Pavuna

– 21/06 – 19h Areninha Carioca Gilberto

Gil, em Realengo

– 23/06 – 19h Arena Carioca Dicró, na Penha

Share This Article
Follow:
Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca