“Outras Marias” volta ao circuito carioca no Teatro Glauce Rocha

Diário Carioca

Foto: Ariel Cavotti Sete mulheres de povos, culturas e tempos diferentes se encontram no teatro. Maria Padilha de Castela, Maria Quitéria, Maria Felipa de Oliveira, Maria Doze Homens, Maria Bonita, Maria Navalha e Maria Mulambo entrelaçam suas histórias de luta e liberdade no musical “Outras Marias”, que volta ao cartaz, no Teatro Glauce Rocha, no Centro.

A peça, além de ser escolhida para a programação de reabertura do espaço, será apresentada no mês da mulher, para celebrar a força dessas personagens históricas. O espetáculo nasceu de pesquisa da atriz e cantora Clara Santhana, que vive Clara Nunes no palco há 10 anos e dá continuidade ao seu trabalho sobre a trajetória de mulheres fortes.

Com texto de Márcia Zanelatto e direção de Patrícia Selonk, “Outras Marias” estreou com sucesso e elogios no ano passado, ganhando o Selo de qualidade, criado por Gilberto Bartholo em 2022, além disso, foi indicada em duas categorias no prêmio do site Musical Rio 2022 nas categorias Melhor atriz – Clara Santhana e Selo Musical.Rio – Outras Marias.

As histórias de vidas dessas Marias sustentam a narrativa que, por sua vez, resulta da costura entre textos falados e cantados. Alguns deles são célebres como “Olha, Maria”, música de Tom Jobim letrada por Vinicius de Moraes e Chico Buarque, e “Saias e cor”, parceria de Ana Costa e Zélia Duncan. Aliás, essas canções misturam-se a ladainhas e a pontos e louvores às entidades religiosas, como “Arreda homem” e “Pra ser rainha”, ambos de domínio público. Um dos temas é a inédita “Brinca, Maria”, composta pelo professor Luiz Antônio Simas, um dos mais respeitados estudiosos do samba e da africanidade no país.

O espetáculo foi construído a partir de uma pesquisa extensa, quando a atriz Clara Santhana notou a escassez de material de mulheres que tiveram a coragem de romper com padrões normativos, como Maria Bonita e Maria Felipa de Oliveira (que lutou pela independência da Bahia em 1823), Maria 12 Homens e as Marias que se tornaram divindades em cultos de origem brasileira e matriz africana, como as Marias Mulambo, Navalha, a portuguesa Quitéria e a mais conhecida delas, Maria Padilha – amante de um monarca no antigo reino de Castela e foi coroada depois de morta.

“Essas sete mulheres têm em comum, além do nome, o fato de serem mulheres transgressoras. Elas são de povos diferentes, culturas diferentes, viveram em tempos diferentes, mas representam a mulher livre. São arquétipos de mulheres livres, que vão numa trajetória oposta à de Maria de Nazaré, que representa o arquétipo da grande mãe e da mulher casta, que é mais aceita na sociedade. As nossas Marias rompem com os padrões normativos”, explica Clara Santhana.

Patricia Selonk, uma das mais respeitadas atrizes da sua geração, fez sua estreia como diretora nesta montagem. A dramaturgia é assinada por Marcia Zanelatto, com quem Clara volta a trabalhar, e a direção musical é de Claudia Elizeu e a direção de movimento fica a cargo de Cátia Costa.

Serviço:
Temporada: de 03 a 26 de março
Teatro Glauce Rocha (Av. Rio Branco, 179 – Centro)
Dias e horários: sexta a domingo, às 19h
Ingressos na bilheteria
Classificação: 12 anos

  No dia 4 de março, o espetáculo vai receber espectadoras atendidas por dois centros de apoio a mulheres em situação vulnerável: Redeh (Centro de Desenvolvimento Humano) e o Centro Cultural Tupiara, na Cidade de Deus. Além disso, estarão presentes alunos do Norte Teatral, projeto de ensino de Teatro para jovens de comunidade e estudantes de rede pública, com aulas no Teatro Miguel Falabella, sob a coordenação do professor Leandro Castilho, ator da Cia Atores de Laura. Após a sessão, haverá uma roda de conversas entre a equipe de criação, as mulheres e os jovens.

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca