''As pessoas que dizem que são contra drogas, são as que normalmente não saem das drogarias'', diz o neurocientista Sidarta Ribeiro no Provoca

Diário Carioca

Divulgação/Mariana CarvalhoNesta terça-feira (9/8), Marcelo Tas conversa no Provoca com Sidarta Ribeiro, fundador do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, doutor em neurociência e capoeira. Eles falam sobre o uso recreativo e medicinal da maconha, os estudos feitos com psicodélicos que comprovam os benefícios dessas substâncias, espiritualidade, amor e muito mais. Vai ao ar na TV Cultura, a partir das 22h.

Na edição, Ribeiro comenta como os psicodélicos podem ajudar no tratamento de doenças. “As substâncias psicodélicas são remédios que foram descobertos por populações originárias (…) essas substâncias foram negadas pela sociedade urbana, contemporânea, eurocêntrica, foram combatidas por muitas décadas e hoje elas entram pela porta da frente da medicina, vêm transformando a psiquiatria, e dizendo que existe uma alternativa a esse uso cotidiano de antidepressivos convencionais”, afirma o neurocientista.

Tas pergunta na entrevista sobre o uso recreativo e medicinal da maconha, e o que o professor sugere para quem tem medo das mudanças. “Que as pessoas se informem mais sobre o que está acontecendo fora do Brasil, em Israel, nos Estados Unidos e Canadá. É importante que se tenha acesso a mais remédios, não menos (…) a liberação geral é o estado atual de coisas. Hoje uma pessoa de qualquer idade, genética, grupo de risco compra qualquer coisa com o nome de maconha. Tas comenta: e o liberou geral também serve para a farmácia da esquina que vende o que você quiser. “As pessoas que dizem que são contra drogas, são as que normalmente não saem das drogarias”, destaca Sidarta.

O professor comenta ainda que tem sua própria religião, seu altar, e Tas brinca: você está virando xamã? “Todo mundo é meio xamã e quando você trabalha com neurobiologia, você entra em questões xamânicas (…) uma questão xamânica importante e que está em evidência por causa do advento da renascença dos psicodélicos na psiquiatria e da própria cannabis é a importância do contexto para a cura espiritual ou psíquica (…) o ambiente, o som, o cheiro, a companhia, quem está junto segurando a sua mão, que palavras foram ditas”, diz Ribeiro.

E ele completa: “existem evidências científicas de que o contexto interessa (…) camundongos tratados com fluoxetina, que é um antidepressivo convencional, se você colocar esse animal em um ambiente adverso, a substância não tem efeito antidepressivo, ela tem efeito pró-depressivo. A substância isolada não vai resolver o problema. A dor psíquica tem a ver com os vínculos, as substâncias podem ajudar, mas elas não vão substituir os vínculos”, explica.

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