Com a boca lambuzada de batom vermelho, contrastando com a barba sempre por fazer, Gilda era travesti e moradora de rua de Curitiba, que ficou conhecida nas décadas de 70 e 80 por ser irreverente e uma figura marcante.
Ela pedia uma moeda aos que passavam pelo calçadão da Rua XV, mais conhecida como Boca Maldita, e quem não lhe dava, tentava roubar um beijo. Além desses episódios bem humorados, a vida de Gilda também foi marcada pela violência.
Para homenagear essa importante personagem curitibana e mostrar os dois lados da história, o artista Guilherme Jaccon idealizou uma performance que será apresentada no próximo sábado (02), no centro da cidade.
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O evento começará às 15h30, na Praça Zacarias, e depois, em cortejo, participantes e artistas irão até a Boca Maldita, local em que Gilda ficou conhecida. Nesse último momento, será colocada uma placa de bronze em sua homenagem.
A proposta foi premiada na categoria de intervenções urbanas do 67º Salão Paranaense de Arte Contemporânea, do Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Paraná - uma categoria inédita no prêmio até então.
Jaccon pesquisa a história de Gilda desde 2015, com foco na memória pública da cidade e nos registros que as instituições têm (ou não têm) sobre a vida e o legado da travesti, ícone da comunidade LGBTQIA+ local.
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Guilherme também fez um levantamento de iniciativas de artistas e coletivos que buscaram, ao longo do tempo, reforçar uma memória quase antagônica à oficial por meio de cartazes, publicações, poemas, peças de teatro, entre outras produções que homenageavam a travesti da Boca Maldita.
“A minha questão com Gilda é colocá-la na memória oficial da cidade e a questão do meu trabalho é ver até que ponto as instituições oficiais deixam a história (das pessoas e da cidade) tão homogênea”, afirma Guilherme Jaccon.
Cortejo
O cortejo será composto por diversos blocos carnavalescos de Curitiba, como Saí Do Armário e Me Dei Bem, Bloco Malinski-se e artistas convidados. O grupo está trabalhando há algumas semanas no processo de musicar poemas escritos em diferentes épocas sobre Gilda, transformando-os em sambas enredo, marchinhas e gritos de Carnaval.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Ana Carolina Caldas
Travesti curitibana Gilda será homenageada com cortejo pelo centro da capital paranaense
Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca