Vítimas de atentado a tiros no último dia 10 de abril, os moradores do acampamento do MST “Marielle Vive”, em Valinhos (SP), receberam a visita, nesta quarta-feira (27.04), de Manuela Carneiro da Cunha e Paulo Vannuchi, membros fundadores da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns. A antropóloga e o ex-ministro de Direitos Humanos foram até lá prestar solidariedade e coletar informações sobre o caso.
O episódio de violência da última semana não foi o primeiro contra o acampamento, onde vivem cerca de 450 famílias. Outros episódios de disparos foram registrados nos últimos meses. Em julho de 2019, o pedreiro Luís Ferreira da Costa, de 72 anos, morreu ao ser atingido por um carro durante um protesto pacífico, em que a comunidade cobrava da prefeitura o fornecimento de água para a ocupação. Além das ameaças, o acampamento “Marielle Vive” é alvo de uma ação de despejo e tem dificuldades para acessar serviços básicos, como saneamento básico e transporte escolar para as crianças.
“A Comissão Arns fará tudo o que puder para apoiar essa comunidade, que vive ameaçada não só fisicamente, mas em todos os seus direitos, que são negados em uma cidade tão próspera quanto Valinhos”, disse Manuela Carneiro da Cunha.
“Viemos aqui para ouvir os moradores e nos informar sobre as violações de direitos que o acampamento vem sofrendo. Queremos colocar a Comissão Arns à disposição no quer for possível para cessar essa violência e encontrar uma solução para a situação da comunidade”, completou Paulo Vannuchi.
Os membros fundadores foram acompanhados por Luiz Armando Badin, Leana Naiman Bergel e Silvia Lopes Menezes, integrantes apoiadores da Comissão Arns.
Cobrança oficial
No dia 18 de abril, a Comissão Arns enviou um ofício ao Secretário de Estado dos Negócios da Segurança Pública de São Paulo, o general João Camilo Pires de Campos, solicitando providências para apuração da violência ocorrida contra o acampamento na madrugada de 10 de abril. No documento, a Comissão Arns reforça a necessidade de resposta urgente da polícia sobre o caso: “Entendemos que eventos de violência política tendem a se intensificar neste ano e necessitam de uma rápida resposta pelas instituições policiais para a defesa da democracia e das liberdades conquistadas”