O excesso ou escassez de chuva são fatores que prejudicam diretamente processo de produção do setor agropecuário brasileiro. Segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), com dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (S2ID/Midr), de 2013 até agora, o setor do agronegócio teve prejuízos que somaram R$ 287 bilhões por conta dos desastres naturais. Além disso, nos últimos 10 anos, foram registrados 14.635 decretos municipais devido a mudanças climáticas extremas. Dentre as condições climáticas, a seca é a que mais castiga a produção rural, sendo responsável por 87% dos prejuízos na agropecuária, e a agricultura, por sua vez, sendo a mais afetada, com 65% do total de prejuízos.
Edna Lautert sempre morou em Santo Ângelo (RS), município gaúcho em que o principal mercado é o agronegócio. Ela é locutora na Rádio Sepé AM e acompanha o agronegócio. Edna conta que a cidade tem forte produção de soja e milho, porém no ano passou sofreu tanto com as chuvas quanto com a estiagem. “Como teve uma estiagem em janeiro e fevereiro (2023), ela prejudicou a safra de soja que foi colhida agora. Parte da safra se perdeu toda e quando chegou perto da colheita, teve dias de chuvas frequentes que prejudicaram o resto [da colheita]. A estimativa de 55 sacas por hectares de soja, mas acabou sendo colhida agora talvez 24 sacas por hectare. Então, a quebra passou de 55%”.
O especialista em agro, Evandro Oliveira, lembra do fenômeno climático La Niña como um dos fatores climáticos que impactam na produção agrícola. “Teve que lidar com esse fenômeno que prejudicou a produção, que anteriormente, girava perto de 12 milhões de toneladas. Então, com três La Niña consecutivas, a produção foi caindo significativamente e, atualmente, as projeções apontam para uma projeção abaixo de R$ 9 milhões”.
E vale o alerta. De acordo com o levantamento do Inmet, que prevê a distribuição de chuvas de longos períodos, o mês de maio reserva chuvas para as regiões Norte, Sul e Nordeste, como explica a meteorologista, Andrea Ramos. “O destaque para o mês de maio são justamente essas chuvas na faixa norte, que envolvem Roraima, Amapá, norte do Pará e norte do Amazonas. A gente tem volumes de chuvas ainda significativos. Região Sul mantém um volume considerável, até porque você tem a entrada de sistemas frontais, que favorece”.
No recorte dos últimos 10 anos, os estados mais prejudicados na agropecuária foram a Bahia, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul e o período mais afetado tanto pelo excesso de chuvas quanto pela seca foi no ano de em 2022.