A reutilização de água e a colheita da cana-de-açúcar crua, sem queima, reduziram o consumo de água na indústria sucroalcooleira em São Paulo em 52%. Como resultado, a safra 2022/2023, cultivada em uma área de 5,8 milhões de hectares, é uma das mais sustentáveis da última década, com 0,74 metros cúbicos de água por tonelada de cana crua processada. Na safra 2010/2011, o consumo de água era de 1,52 metros cúbicos por tonelada. Os dados são do programa Etanol Mais Verde. Charles Dayler, engenheiro agrônomo e especialista em gestão e manejo ambiental na agroindústria, aponta que a agricultura utiliza água de forma intensiva, mas parte dela é utilizada para irrigação do solo, assim, ela é infiltrada na mesma bacia hidrográfica. “Quando pensamos em otimizar o uso da agricultura, a gente pode pensar o quê? Primeiro, a chuva para uso de irrigação, então podemos criar reservatórios de água. Podemos fazer um uso menos nobre dessa água. Em um cultivo intenso de animais, pode ser utilizada para lavar o local”, informa O especialista também explica que como o programa Etanol Mais Verde não trabalha com queima de palha, previne a emissão de gás de efeito estufa. “Além disso, reduz o risco de queimadas atingirem a área de vegetação nativa e se tornar um incêndio florestal fora de controle”, completa. Segundo o programa, na safra 2022/23, foram evitadas emissões de 12,2 milhões de toneladas de CO2 e 73,8 milhões de toneladas de outros poluentes atmosféricos, equivalentes à poluição gerada por 214 mil ônibus circulando ao longo de um ano. A safra atual é a segunda consecutiva a não empregar queimadas antes da colheita. Os dados ainda mostram que na safra 2010/11, foram plantadas 4,5 milhões de mudas em uma área de 5,8 mil hectares de mata ciliar. Por outro lado, na safra atual, essa área cresceu consideravelmente, atingindo 31,2 mil hectares, com uma média de 2,6 milhões de mudas plantadas. Esse número total significa a preservação de 8.172 nascentes e cerca de 139 mil hectares de mata ciliar. A produção de cana-de-açúcar em São Paulo para a safra 2022/23, que é a maior do Brasil, está estimada em 308,1 milhões de toneladas, representando um aumento de 3,2% em relação ao ciclo anterior (298,5 milhões de toneladas). Em comparação com o levantamento anterior, feito em agosto de 2022, houve um crescimento de 8,7% nas estimativas de produção. As informações são do Departamento Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAE-SP), com informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na indústria, a expectativa é de um aumento de 3,8% na produção de açúcar, passando de 21,4 milhões de toneladas na safra anterior para 22,2 milhões de toneladas neste ciclo. Quanto ao etanol, houve uma diminuição de 1,9% na quantidade produzida, totalizando 11,7 bilhões de litros. O programa foi estabelecido voluntariamente em 2007, com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento sustentável da indústria e resolver os obstáculos relacionados à mecanização da colheita de cana-de-açúcar. A cada ano, as usinas que fazem parte do programa enviam documentos de acompanhamento para mostrar que estão seguindo as normas técnicas de sustentabilidade. As diretrizes técnicas estabelecidas pelas usinas e pelos produtores de cana incluem a eliminação da queima, a conformidade com o Código Florestal Brasileiro, a preservação e restauração das áreas próximas a rios, a conservação do solo e a reciclagem da água. O programa também aborda a utilização dos subprodutos da cana-de-açúcar, a implementação de medidas para proteger a fauna, a prevenção e combate a incêndios florestais. Leia mais: Sistema Nacional de Fomento ofertou R$ 376 bi em crédito para agricultura e pecuária