A educação no Brasil é um problema recorrente e histórico. Segundo dados da Pnad Contínua, cerca de 40% da população acima de 25 anos não completou sequer o ensino fundamental, enquanto mais da metade não formou no ensino médio — total de 70 milhões de pessoas.
Há mais problemas. Atualmente, o Brasil tem cerca de 11 milhões de analfabetos entre pessoas de 15 anos ou mais — o que corresponde a aproximadamente 7% da população. Esse montante total se equipara com a população inteira de Portugal, por exemplo.
Os dados são preocupantes e, consequentemente, o estudo do idioma inglês no Brasil é considerado um luxo quando os números são analisados no macro.
Em pesquisa divulgada no ano passado, o Data Popular constatou que apenas 5,1% da população brasileira acima de 16 anos tem conhecimento do idioma universal. Entre a população que diz saber inglês, apenas 32% está em nível pelo menos intermediário.
Para avaliar o nível de conhecimento dos países não-nativos em inglês, todos os anos a Educational First realiza um teste de proficiência. Recentemente, eles divulgaram a nova edição da pesquisa e os resultados não foram nada satisfatórios para os brasileiros.
No novo índice de proficiência divulgado recente, o Brasil teve uma leve queda no ranking e agora aparece apenas com a 59ª colocação entre 100 países analisados.
Com a baixa colocação, consequentemente o Brasil está atrás de nações como Paraguai, Bolívia, Honduras, Guatemala e várias outras com PIB relativamente inferior ao nosso.
O problema, além de estar em uma posição ruim e na faixa de proficiência considerada baixa, é o fato de que o Brasil teve uma leve queda em relação ao ranking do ano passado.
Na nova edição do ranking, porém, a América Latina teve uma melhoria considerável. Dos 18 países analisados, apenas seis não tiveram upgrade em relação ao ano anterior — entre esses países, destaque negativo para México e Brasil.
Quando se analisa a nível global, o nível de inglês dos países não-nativos está aumentando consideravelmente: “No relatório deste ano, mais países atingiram o status proficiência muito alta do que nunca. As notas de cerca de 11 países melhoraram consideravelmente, ganhando mais do que dois pontos em comparação ao ano anterior”, afirma o estudo oficial.
O que explica a diferença entre os latinos e os europeus no conhecimento do inglês
Não é só o Brasil que vive dificuldade quando o assunto é o conhecimento da língua inglesa. Para se ter uma ideia, a Argentina aparece com a primeira colocação entre os países latinos no ranking (27ª posição, um lugar relativamente baixo).
Além da falta de estrutura de ensino tão apurada quanto aos países que lideram o ranking — Holanda, Suécia e Noruega —, vários fatores explicam o nível baixo dos latinos no índice de proficiência.
Uma grande diferença entre os países que lideram o ranking em relação aos latinos é a similaridade dos respectivos idiomas com o inglês.
Os idiomas nativos da Holanda, Suécia e Noruega contam com uma semelhança única: todos vieram do germânico, assim como o inglês. Como resultado disso, há várias palavras que são parecidas entre as línguas.
O fator semelhança entre idiomas é um primeiro passo importante para a familiarização de uma nova língua. Do mesmo jeito que o brasileiro tem mais facilidade para aprender espanhol, o holandês tem consideravelmente mais facilidade para dominar o inglês.
Além disso, desde cedo as pessoas de muitos países europeus (principalmente os nórdicos) são encorajadas a entrarem em contato com o idioma de maneira frequente.
Como fica a expectativa do Brasil para o futuro?
No nosso país, aproximadamente 85% dos estudantes frequentam a escola pública e, infelizmente, a mesma enfrenta muitos problemas em relação à qualidade de ensino e investimento por todo país.
“Em algum momento eles têm aulas de inglês, mas quando se pergunta qual o conhecimento deles, as respostas mostram que eles não sabem falar a língua”, afirma a educadora Nina Coutinho, diretora de um órgão internacional que propaga o ensino inglês no Brasil.
O problema não é exclusivo do inglês. Segundo dados oficiais, os brasileiros acertam apenas 45% das questões de inglês no Enem, enquanto na língua espanhola isso desce para aproximadamente 34%.
Portanto, com tantos problemas estruturais no ensino brasileiro e o fato do espanhol também não ser de amplo conhecimento dos nativos do país, é bem provável que o cenário não mude drasticamente para melhor para os próximos anos