Já faz quase um semestre que as escolas brasileiras precisaram começar a implementar o Novo Ensino Médio. E, embora as mudanças sejam positivas, no sentido de aproximar a escola da realidade vivenciada pelos estudantes no ambiente extraclasse, ainda restam muitas dúvidas sobre de que forma essas alterações no formato do Ensino Médio afetam o cotidiano dos jovens.
Para a coordenadora de evolução de conteúdo da Conquista Solução Educacional, Alessandra Cavichia Atanazio, “um Novo Ensino Médio era mais do que necessário e urgente. Ele lança um olhar atento e cuidadoso às juventudes, oportuniza propostas mais flexíveis e vinculadas aos interesses e objetivos desses estudantes, além de engajar os jovens em seu processo de aprendizagem”. Ela elenca cinco dúvidas mais comuns sobre o novo formato e explica cada uma delas.
- O que mudou na estrutura do Novo Ensino Médio?
Ele propõe uma reestruturação curricular e reorganiza essa etapa da Educação Básica em duas frentes principais: a Formação Geral Básica (FGB), parte comum do currículo, tendo como norteador a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os Itinerários Formativos (IFs), parte flexível, apoiados nos Referenciais Curriculares para Elaboração de Itinerários Formativos.
A carga horária do Ensino Médio passou a ser de 3 mil horas. Dessas, 1,8 mil devem ser dedicadas à FGB, enquanto as 1,2 mil restantes, aos Itinerários Formativos. A escola pode ampliar a carga total para além das 3 mil horas, mas isso só pode acontecer na oferta de mais IFs, e não na FGB.
- O que muda na atuação dos professores de Ensino Médio?
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) não sugere o abandono dos componentes curriculares tradicionais, mas define direitos e objetivos de aprendizagem em quatro áreas do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. A proposta é integrar dois ou mais componentes do currículo escolar, fortalecendo a relação entre eles. Por isso, os professores precisam trabalhar de maneira interdisciplinar.
- O que significa dizer que o currículo está mais flexível?
Uma das características do Novo Ensino Médio, a flexibilização curricular oferece aos alunos a chance de escolher parte dos conteúdos que vão estudar. Ou seja, o que para eles faz mais sentido de acordo com seus objetivos pessoais e profissionais. Os Itinerários Formativos são justamente essa parte flexível do currículo e devem representar, no mínimo, 1,2 mil horas da carga horária total.
São três tipos de Itinerários. Primeiro, há os que se destinam a aprofundar os conhecimentos da FGB. Isso pode ser feito por áreas de conhecimento ou com formação técnica e profissional. Depois, há aqueles que complementam a carga horária, chamados de eletivas. Por exemplo, o aluno escolhe se aprofundar na área de Linguagens e suas Tecnologias e cursa a Língua Espanhola como uma eletiva. Há, ainda, o Projeto de Vida, que é obrigatório. Esse componente tem o objetivo de contribuir para o autoconhecimento, para o desenvolvimento pessoal e para a trajetória profissional.
- Atividades que a escola já desenvolve podem ser elencadas como Itinerários Formativos?
Podem e devem. É muito importante considerar a realidade e o contexto de cada instituição de ensino. Cada uma delas tem autonomia para propor outras unidades curriculares dentro dos Itinerários Formativos. Por exemplo, se a escola participa de Olimpíadas, as horas podem ser registradas na matriz como uma eletiva. Da mesma forma, projetos, oficinas, clubes e jogos são algumas das possibilidades de incluir no currículo atividades que já fazem parte do cotidiano escolar.
- O que já se sabe sobre o novo Enem?
Assim como o Ensino Médio, o Enem também vai mudar para acompanhar a nova proposta. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a prova será constituída por dois instrumentos: o primeiro relacionado à Formação Geral Básica e o segundo, aos Itinerários Formativos, que vai variar de acordo com a escolha do estudante