Não existe rede que dê conta de apoiar 70% dos alunos com defasagem de aprendizagem, afirma Monica Weinstein, Conselheira do Instituto Alicerce

Diário Carioca
À esquerda, Mônica Weinstein, seguido de Raí Mota, Renato Feder e Thomas Veloso, à direita.

Excelência de ensino na rede pública é uma questão muito discutida entre as principais demandas da gestão de um governo e, nesse sentido, são levantadas ações e políticas públicas que devem ser colocadas em prática para atingir essa qualidade no ensino. No evento Educa Week, realizado em São Paulo, no dia 13 de outubro, a Profa. Dra. Monica Weinstein, Conselheira do Instituto Alicerce, braço filantrópico do Alicerce Educação, e também Pesquisadora na área da educação, enfatizou a importância de combater e contornar as defasagens de ensino no início, antes que elas se agravem: “É preciso considerar o nível em que cada aluno está e mediar de maneira diferente de acordo com as necessidades individuais.”


Segundo a ciência da aprendizagem, uma margem de 20 a 30% dos alunos apresentarão alguma dificuldade na alfabetização e letramento. “Este é um dado previsto. O problema é que, hoje, no Brasil, cerca de 70% dos alunos possuem defasagens de aprendizagem e precisariam de reforço no contraturno escolar. Não existe rede que dê conta oferecer apoio para esta quantidade de alunos.” complementa Mônica Weinstein, membro do Instituto Alicerce. Por isso, segundo a pesquisadora, não podemos nutrir a mentalidade de que é preciso esperar para intervir. Há que se olhar para a educação de uma forma preventiva.


Na ocasião, Mônica participou do painel sobre “Escolas Públicas de Excelência: O para conseguir resultados melhores no Ideb”, ao lado de Renato Feder, Secretário Estadual da Educação no Paraná, Raí Mota, Secretário Municipal da Educação de Cruz – CE, e Jair Ribeiro Presidente da Parceiros da Educação, como mediador da conversa. Nesse sentido, os convidados discutiram a importância de engajar o aluno em sala de aula para conseguirmos avançar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).


“Há dois aspectos importantes para o engajamento em sala de aula: primeiro, o que está sendo ensinado tem que estar num nível que o aluno consiga acompanhar. Se ele não entende o conteúdo, se sente frustrado. Em contrapartida, se o conteúdo é muito fácil, logo se torna desinteressante. Por isso, o professor deve ser capaz de enxergar essas diferenças e planejar a partir do que cada estudante precisa. A partir do momento que o aluno entende que é autossuficiente, ou seja, que ele é capaz de controlar o que ele aprende, ele se desenvolve. Não há quem não goste de aprender. O segundo, é trazer para dentro da escola o que está acontecendo no mundo. Quando o educador ignora a realidade que está ao redor, a escola se torna menos interessante e mais artificial”, defende Weinstein.


Métricas, formação e qualificação na educação

Durante o painel, os convidados ainda destacaram a importância de investir na formação de gestores e professores e utilizar métricas para mensurar a efetividade do aprendizado e desenvolvimento dos estudantes. “Mensalmente, medimos a evolução da alfabetização e os níveis de equidade de aprendizagem dos alunos segmentando em iniciante, aprendiz, proficiente e expert” afirma Raí Mota, Secretário Municipal da Educação de Cruz – CE.


Raí reforça a necessidade de formar educadores que estejam preparados para lidar com as diferenças de aprendizagens em uma mesma turma: “Na secretaria de Cruz nós temos uma gestão voltada ao pedagógico e à formação continuada dos professores. Todos os diretores e coordenadores têm rotina que são compartilhadas com a nossa gestão. Essa rotina é dividida em tempo de administração, planejamento pedagógico, tempo para as relações interpessoais e para a autoformação”, explica o gestor público.


Aliado a este entendimento, Renato Feder, Secretário Estadual da Educação no Paraná complementou o tema abordando a importância de selecionar profissionais qualificados para a rede pública: “abrimos um edital para selecionar os professores das nossas escolas. Além da inscrição, o processo conta com a realização de prova e gravação de vídeo para que a didática em sala de aula possa ser avaliada. De aproximadamente 4 mil inscritos, 600 são selecionados. Para estes, oferecemos uma gama de cursos diferentes. Eles podem escolher em quais áreas que desejam se especializar.”


Sobre o Alicerce Educação

O Alicerce Educação é um negócio de impacto social dedicado a recuperar a lacuna de aprendizagem que existe no atual cenário, com o compromisso de promover a equidade de oportunidades e a equidade racial no Brasil. Ao desenvolver metodologia inovadora, oferece uma solução para a base educacional para crianças, jovens e adultos, por meio de um sistema de bolsas e grande estrutura de microoescolas espalhadas por todo o país, viabilizadas por doadores e investidores. Em 2028, o Alicerce completa 10 anos de atuação e visa beneficiar 4 milhões de estudantes em todo o país

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