Quebrar um tabu de 25 anos sem título. Esse é o objetivo dos argentinos na Copa do Mundo da Rússia, em 2018. Após ficar com o vice no Brasil, a seleção argentina começa sua caminhada na Copa deste ano no grupo D, ao lado de Croácia, Islândia e Nigéria. O grande trunfo do time é Lionel Messi, que chegou a anunciar em 2016 que não jogaria mais pela seleção, após ser vice-campeão da Copa América. Mas voltou atrás em sua decisão com o objetivo de ser campeão mundial por seu país.
Convidada para a primeira Copa do Mundo, em 1930, no Uruguai, a Argentina ficou com o vice-campeonato, após perder a final para os donos da casa. O primeiro título mundial dos nossos hermanos aconteceu em 1978. Na época, sob influência da ditadura militar, os argentinos sediaram pela primeira vez uma Copa do Mundo. A seleção argentina começou a competição no grupo 1, ao lado de Itália, França e Hungria. Com duas vitórias e uma derrota, para os italianos, a Argentina ficou com a segunda posição na chave, atrás da Itália.
Na segunda fase, acontecimentos obscuros e polêmica. Após vencer a Polônia por 2 a 0 e empatar sem gols com o Brasil, os donos da casa precisavam vencer o Peru por quatro gols de diferença para chegar na final da competição. Sem resistência e com uma grande suspeita de “corpo mole”, os peruanos jogaram a partida sem compromisso. A vitória por 6 a 0 classificou os argentinos para a final da competição contra a Holanda. Após empate por 1 a 1 no tempo normal, a partida foi para a prorrogação. Com gols de Kempes e Bertoni, a Argentina pôde comemorar seu primeiro título mundial, em casa, para delírio da torcida.
Oito anos depois, em 1986, no México, a Argentina voltou a ser protagonista. Após se classificar na primeira colocação de seu grupo, os argentinos eliminaram o Uruguai nas oitavas de final. Nas quartas, um dos jogos mais emblemáticos da história das Copas. Rivais na Guerra das Malvinas, Argentina e Inglaterra duelaram por outro objetivo: uma vaga nas semifinais da competição.
E quem fez a diferença naquele jogo, com uma mistura de esperteza e habilidade, foi o craque Diego Armando Maradona. Aos seis minutos da segunda etapa, após uma bola rebatida na área inglesa, Maradona simula uma cabeçada, mas joga a bola para o gol com a mão. Surge aí o lance conhecido como “La Mano de Díos”. Quatro minutos depois, um dos lances mais brilhantes de todas as Copas. o craque recebe a bola ainda no campo de defesa, se livra de dois marcadores, arrancando em direção ao gol. Ninguém conseguiu parar a fera, nem o goleiro inglês. Golaço que garantiu a classificação da Argentina.
Na semifinal, contra a Bélgica, novamente Maradona fez a diferença ao marcar os dois gols da vitória. Na final, vitória por 3 a 2 contra a Alemanha Ocidental. Os argentinos se sagravam bicampeões mundiais com Maradona jogando uma barbaridade e sendo eleito o melhor jogador da competição.
Quatro anos depois, na Itália, os argentinos chegaram à competição como um dos favoritos. Aos trancos e barrancos, os argentinos se classificaram para as oitavas de final. E eliminaram o Brasil, por 1 a 0, com gol de Caniggia. O duelo ainda ficou marcado pela história da “água batizada”. Em um momento desta partida, o então massagista da seleção argentina, Miguel Di Lorenzo, foi atender um jogador lesionado em campo e distribuiu garrafas de água aos seus jogadores. Por “gentileza”, também ofereceu uma garrafa a Branco, só que esta com sonífero. Depois de beber o líquido, o lateral-esquerdo da Seleção Brasileira passou mal.
Após passar pela Iugoslávia nas quartas, e a anfitriã Itália na semifinal, com vitórias nos pênaltis, os argentinos disputariam sua segunda final consecutiva contra a Alemanha Ocidental. Só que dessa vez os alemães levaram a melhor e venceram por 1 a 0, com gol de Brehme, batendo pênalti, aos 40 minutos do segundo tempo.
A Copa América de 1993 foi o último título conquistado pela Argentina. Após uma campanha irregular, com diversos empates, a Argentina encarou o México no final da competição. Com dois gols de Batistuta, os argentinos derrotaram os mexicanos por 2 a 1 e conquistaram o que é até hoje sua última taça levantada.
Apenas na última Copa, em 2014, no Brasil, a Argentina voltou a disputar uma final. Liderados por Messi, acabaram derrotados por 1 a 0 pela Alemanha e não conseguiram por fim ao jejum. A saga da Argentina em busca de títulos prosseguiu nos anos seguintes, com os argentinos chegando nas finais das Copas Américas de 2015 e de 2016, perdendo ambas para o Chile. A missão agora será na Rússia.
No entanto, a campanha irregular nas Eliminatórias, somada ao desempenho pouco convincente do time nos últimos meses, deixa os argentinos com uma pulga atrás da orelha. Com um time cheio de estrelas, os argentinos garantiram sua participação na Copa apenas na última rodada das Eliminatórias, após vencerem o Equador, em Quito, por 3 a 1. O herói da classificação foi Lionel Messi, que marcou os três gols da Argentina na partida.
Para se ter uma ideia, ao final da penúltima rodada do torneio, os argentinos estavam na sexta colocação, posição que deixava o país fora do Mundial. Nas Eliminatórias, foram sete vitórias, sete empates e quatro derrotas, com 19 gols marcados e 16 sofridos. No final das contas, a Argentina ficou com a terceira colocação e evitou o vexame de não ir à Copa.
Repleta de estrelas no ataque, a Argentina sofre com a inconsistência defensiva. Messi será decisivo para a seleção albiceleste, já que a equipe mostrou-se dependente do craque para impor seu ritmo de jogo. O camisa dez do Barcelona terá ao seu lado craques como Dí Maria, Sergio Agüero, Gonzalo Higuaín e Paulo Dybala. Favoritos para ficar com uma das vagas de seu grupo, os argentinos terão que tomar cuidado com seus adversários. Todos possuem condições de surpreender e a disputa pela segunda vaga do grupo promete ser bastante equilibrada.
O primeiro desafio dos argentinos na Copa será a estreante Islândia, no dia 16 de junho, em Spartak. Na segunda rodada enfrentam a forte seleção da Croácia, provavelmente no jogo mais difícil da equipe na primeira fase, na cidade de Nizhny Novgorod. A Argentina encerra sua participação na fase de grupos contra a Nigéria, em São Petersburgo.