No dia 14 de julho, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei dos chamados clubes-empresas, que possibilita aos clubes do futebol brasileiro se transformarem em empresas. Agora, dependendo apenas da sanção presidencial, os times que adotarem essa medida deixarão de ser organizações sem fins lucrativos e farão parte da Sociedade Anônima de Futebol (SAF). Os principais objetivos seriam atrair mais investidores, oferecer maior transparência na gestão e quitar dívidas milionárias.
O modelo de clube-empresa já é algo bem consolidado no futebol europeu. Dentre as cinco maiores ligas da Europa, 92% dos times são empresas, e alguns deles, como Manchester United e Juventus, estão até presentes na Bolsa de Valores. No Brasil, já existem alguns times que vieram de empresas, como é o caso do Red Bull Brasil, e outros que deixaram de ser uma associação e se integraram a alguma corporação, como o Red Bull Bragantino e o Botafogo-SP. A grande novidade desse Projeto de Lei é justamente permitir que qualquer clube adote esse modelo de gestão.
Alguns especialistas julgam ser a saída ideal para os principais clubes brasileiros conseguirem sair da situação financeira catastrófica que a pandemia os deixou. Já outros lembram que essa é uma faca de dois gumes, e pode tanto alavancar um time, quanto afundá-lo mais, como foram os casos de Fiorentina e Parma, grandes clubes italianos que acabaram indo à falência por causa de uma gestão problemática, não sendo mais relevantes dentro de suas ligas.
Atualmente, os principais times brasileiros se encontram em um estado crítico de endividamento. Dentre os clubes cariocas, por exemplo, o Botafogo lidera com mais de R$ 1 bilhão em dívidas, seguido pelo Vasco, que acumula R$ 832 milhões, pelo Fluminense, com R$ 769 milhões, e pelo Flamengo, na casa dos R$ 440 milhões. A expectativa é de que os times mais endividados sejam os primeiros a adotar o sistema de clube-empresa, então será indispensável um planejamento adequado para que a medida consiga, de fato, salvá-los da falência.
O sistema ERP, sigla para Enterprise Resource Planning (Planejamento de Recursos Empresariais), seria um dos mais efetivos a serem aplicados nesses casos. O objetivo é integrar todas as atividades internas em uma coisa só, combinando diferentes setores e, dessa forma, melhorando o fluxo de dados e o compartilhamento de informações. Tudo isso é muito importante para se ter um panorama geral da operação e das metas da organização, auxiliando em uma tomada de decisão mais acertada