Alejandro Giménez.
Salzburgo (Áustria), 22 out (EFE).- Contratar jovens jogadores de futebol promissores a baixo custo, desenvolvê-los e vendê-los a preços de grandes estrelas, como no caso do norueguês Erling Haaland, é o modelo de sucesso por meio do qual o Red Bull Salzburg faturou 200 milhões de euros nos últimos cinco anos.
“Temos a equipe mais jovem de nossa história. O mais importante é que sempre planejamos os próximos três a quatro anos em nossa academia para ver quem podem ser os próximos jogadores e estarmos um passo à frente”, disse Christoph Freund, diretor esportivo do clube austríaco, à Agência Efe sobre a temporada atual.
Desde a compra do clube em 2005 pela empresa de bebidas Red Bull, embora tecnicamente seja agora apenas o principal patrocinador, o Salzburg tornou-se o dominador absoluto da Bundesliga austríaca, com 12 títulos da competição e oito títulos da Copa da Áustria.
Mas, apesar de ser um participante habitual da Liga Europa e mesmo da Liga dos Campeões, o único título internacional do Salzburg até agora veio de sua promissora categoria de base, que conquistou a Uefa Youth League (Liga Jovem da Uefa) em 2017.
CRIAÇÃO DE ESTRELAS.
Com uma média de idade de 23 anos e até 22 estrangeiros em seu elenco, o Salzburg tem estratégia clara: encontrar os jogadores mais promissores no cenário internacional e aumentar seu valor de mercado antes de lançá-los ao estrelato.
O clube não revela o valor de compra ou venda, nem o lucro que obtém com essas operações, explicando apenas que faturou cerca de 200 milhões de euros em transferências durante os últimos cinco a sete anos.
O senegalês Sadio Mané é um bom exemplo. O Salzburg pagou 4 milhões de euros por ele em 2012, e um ano depois o transferiu por 23 milhões de euros para o Southampton, da Premier League. O atacante ainda está no futebol inglês, mas agora defende o Liverpool, pelo qual conquistou uma Liga dos Campeões.
Essa fórmula se repete em outras histórias de sucesso do clube, como Naby Keïta, contratado por 1,5 milhão em 2014 e vendido por quase 30 milhões em 2016; e a superestrela Erling Haaland, por quem o Red Bull Salzburg pagou 8 milhões em 2019 e que está agora, no Borussia Dortmund, avaliado em 150 milhões.
APOSTA EM FORMAÇÃO DE JOGADORES.
Em um primeiro momento, explicou Freund, a filosofia do clube era muito diferente, pois no elenco podiam ser vistos jogadores na reta final da carreira, mas em 2012 o modelo mudou para a busca de jovens talentos internacionais.
O projeto assumiu outra dimensão, com um claro compromisso com a formação de jogadores baseada em dois pilares: uma rede de olheiros internacionais e um centro de treinamento de alto nível.
“Estamos à procura apenas de jovens jogadores de entre 16 e 19 anos. Recebemos mensagens de muitos agentes, mas a maioria não nos interessa, porque são muito acima da idade ou não jogam no nosso estilo”, disse Freund, que explicou que com esses critérios são excluídos 98% de todos os potenciais jogadores.
Aqueles que passam o corte têm a oportunidade de treinar na RB Akademie, um complexo de alto desempenho nos arredores de Salzburgo, dedicado às categorias de base do clube, de onde já saíram sete titulares da equipe principal do Salzburg.
REDE DE ALIANÇAS.
Além das fronteiras da Áustria, o Salzburg conta com acordos de colaboração em África, Ásia e América do Sul.
“Você não pode simplesmente ir à África ou à Ásia, dizer que está lá para explicar a eles como jogamos futebol e trazer os melhores talentos. É preciso muito trabalho por trás”, reconheceu o diretor esportivo, cujos olheiros fazem cerca de duas visitas internacionais por ano.
Não há espaço suficiente no time principal para todos esses jogadores, e é por isso que o clube tem um acordo com o FC Liefering, da segunda divisão austríaca, para enviar suas promessas.
“SOMOS O FUTEBOL DE AMANHÔ.
Essa filosofia está clara na mensagem “Somos o futebol de amanhã” que está na arquibancada principal da Red Bull Arena.
Ao continuar atraindo jovens jogadores promissores, o Salzburg sabe que seu grande apelo está em combinar a atmosfera familiar de um clube modesto, longe dos holofotes, com um ritmo competitivo de primeiro nível na Europa.
“Aqui, os jovens podem se sentir em casa e ter a oportunidade de jogar a nível profissional desde muito cedo. É importante para nós que eles tenham uma chance real de jogar se treinarem bem”, resumiu o diretor esportivo.
A ideia do clube é clara: ajudar os jogadores a se integrarem adequadamente e lhes oferecer minutos de jogo antes de darem o salto para um grande clube. Em resumo, ser parte do caminho, e não o fim dele. EFE