No meio de bolas de futebol, uniformes e chuteiras agora há um lembrete daquilo que ninguém deve esquecer: Não é Não. A frase curta, certeira e (infelizmente) ainda necessária vai estar presente no jogo Corinthians X Mirassol, às 21h45, na Arena na quarta-feira (07), véspera do Dia Internacional da Mulher.
O Brasil registrou, em média, 135 estupros por dia em 2016, nos classificando como o 5o país mais perigoso do mundo para mulheres. Dados tão alarmantes como este e o desejo de transformar essa realidade, fizeram o Corinthians, um dos maiores times do país, se engajar na luta contra o assédio e a violência contra a mulher. Em parceria com o coletivo Não é Não foi criada uma iniciativa inédita para o próximo jogo do Timão.
Os times masculinos e femininos irão entrar juntos em campo para lembrar a data e demonstrar o engajamento do futebol do Timão na luta contra o assédio e a violência contra a mulher. Também haverá faixas relativas ao tema, lançando a campanha on line #RespeitaAsMinas e cerca de 10 mil tatuagens temporárias “Não é Não” serão distribuídas na loja da Arena Corinthians no pré-jogo e irão estampar o corpo das mulheres presentes no jogo. Toda comunicação digital da Arena (Painel de Led externo e interno e Telão) serão ativados a fim de dar mais visibilidade à causa. Antes da partida, Milene Domingues, ex-atleta do Corinthians, será anunciada como a embaixadora do futebol feminino do clube.
A ideia da tatuagem “Não é Não” partiu de um grupo de amigas que, em janeiro de 2017, decidiu transformar a indignação diante de tantos casos de assédio em um movimento de luta por uma sociedade mais igualitária. Se em seu primeiro carnaval, a campanha se concentrou no Rio de Janeiro com a distribuição de 4.000 tatuagens, neste ano o projeto ganhou outros rumos: após uma campanha de financiamento coletivo, que contou com o apoio de 355 pessoas, foram produzidas 27 mil tatuagens. A distribuição aconteceu em parceria com diversos blocos de carnaval, ONGs, coletivos feministas em sete cidades brasileiras durante o carnaval 2018: São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Olinda e Brasília.
A adesão foi muito maior do que a esperada. Houve grande repercussão nas redes sociais e na mídia, que fizeram o coletivo Não é Não, desejar levar o debate também para fora da folia, ocupando outros espaços e dialogando com outros públicos.
A campanha lançada pelo Corinthians dialoga com um dos objetivos do grupo de mulheres à frente da iniciativa: expandir as fronteiras do projeto, sem descaracterizar a lógica do coletivo feminista responsável pela iniciativa.
Para a vice-presidente do Corinthians, Edna Murad Hadlik, iniciativas como essa ajudam a diminuir o machismo no mundo do futebol. “O clube dá um passo importante no sentido certo e da forma correta, respeitando o lugar de fala das mulheres que escolheram onde estampar seu apelo “Não é Não” em diálogo com a campanha #RespeitaAsMinas, no masculino, respeita a diferença vai muito além de retórica e o Timão sempre esteve na vanguarda das lutas democráticas ”.