Em meio à disputa por protagonismo, clubes brasileiros criam ligas paralelas para definir futuro do Brasileirão

Diário Carioca

Enquanto os jogadores disputam no campo as partidas que vão definir o próximo campeão brasileiro e cujos resultados influenciam a rotina da torcida, dos programas esportivos e dos sites de apostas, onde também é possível checar o  resultado da banca aliança de hoje, fora das quatros linhas os dirigentes negociam um novo formato de competição. 

Ainda é tudo incipiente, com reuniões à porta fechada, muito sigiloso e pouca informação para o público. Mas o que se sabe é que o modo como o brasileiro consome futebol vai mudar. Os direitos de transmissão não serão negociados mais com uma única emissora, que hoje é a TV Globo. Uma liga, fora da CBF, será organizada pelas próprias equipes. E é aí que o problema começa.

Atualmente, a gestão do Campeonato Brasileiro é feita pela Confederação Brasileira de Futebol. Os clubes entendem que eles devem gerir a própria competição que disputam. Para isso, estão decididos a criar uma nova entidade, para que as decisões envolvendo os campos esportivo e financeiro sejam discutidas até que sejam definidos de acordo com a vontade da maioria.

Acontece que rachas já começaram a acontecer, em torno da receita de R$ 4 bilhões que os clubes poderiam gerir caso um novo formato de organização seja conceituado. Hoje, a receita da CBF é metade disso. 

De um lado, há os clubes que formam a Libra, que reúne todos os times paulistas, além de Flamengo, Botafogo, Vasco e Cruzeiro. Já a Liga Forte Futebol tem 25 times, entre eles Fluminense, Atlético-MG e Internacional. São todos gigantes do futebol nacional, em busca do melhor para as suas agremiações, e sem deixar que nenhum rival saia fortalecido dessa disputa.
Os dois grupos já conversam para uma reunião a ser realizada no meio de julho, com comissões de ambos os lados, para otimizar o tempo e definir quais serão os próximos passados. Do lado da Libra, Corinthians, Red Bull, Bragantino e Santos. Do lado da Liga Forte Futebol, Galo, Fluminense e Fortaleza.

A Libra já tem uma divisão de dinheiro determinada que evoluiu durante as discussões – atualmente tem um teto entre maior e menor, divisão com 45% iguais, 25% por premiação e 30% por engajamento de torcida. A Liga Forte quer diminuir o percentual de arrecadação dos grandes, além de questionar outros critérios criados pela Libra. A ideia é que todos se reúnam para chegar ao meio termo.

Ainda assim, a Libra já está mais estruturada, inclusive com projeções no modelo de transmissão. Os dirigentes entendem que a melhor forma é negociar uma venda conjunta entre os jogos da Séries A e B. Placas de patrocinadores e naming rights de determinados espaços dos estádios também poderão ser vendidos em pacote, algo que não acontece hoje.

Ainda que haja um certo otimismo em torno do tema, alguns dirigentes têm feito críticas às negociações envolvendo os clubes que pertencem à Libra e aqueles que formam a Liga Forte.

“Hoje não existe uma liga para organizar o Campeonato Brasileiro. Por isso, fundamos este grupo, para discutir o futebol brasileiro e negociar em conjunto. Não há boa vontade do lado da Libra. Com a Lei do Mandante, ninguém é mais do que ninguém”, disse recentemente o presidente do Atlético Goianiense, Adson Batista.

A decisão de formalizar este bloco se deu durante reunião realizada na sede da CBF nesta quarta-feira. O maior motivo de divergência entre os dois grupos é a divisão de dinheiro dos direitos de transmissão de uma eventual liga.

“Nós queremos ser um bloco que pensa no futebol brasileiro de maneira racional, e não radical, pensando principalmente num bom produto, numa grande liga futura. Precisa ter flexibilidade de todos os lados. Se for radical, vai ficar do mesmo jeito”, completou Adson Batista

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca