O uso da camisa da seleção brasileira como símbolo político foi criticado pelo atacante Richarlison, do Tottenham, nesta terça-feira, após a derrota por 2 a 0 do time inglês diante do Sporting, na Liga dos Campeões. Questionado sobre o assunto na zona mista do Estádio de Alvalade, em Lisboa, o jogador disse que o uniforme perde a identidade quando utilizado dessa forma.
“Hoje em dia, o pessoal leva muito (a camisa) para o lado político. Isso faz a gente perder a identidade da camisa e da bandeira amarela”, comentou o atacante.”Acho importante que eu como jogador, torcedor e brasileiro, tente levar essa identificação para todo o mundo. É importante reconhecer que a gente é brasileiro, tem sangue brasileiro e levar isso para o mundo”, completou.
O discurso do jogador está alinhado à intenção da CBF de desvincular a imagem da camisa verde-amarela dos movimentos políticos que se apropriaram dela. Nos últimos anos, o uso da peça tem sido associado ao presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, já que seus apoiadores costumam usá-la como símbolo em manifestações.
Ao anunciar o modelo que será utilizado na Copa do Mundo do Catar em novembro, a CBF usou a imagem de artistas como o rapper Djonga, com posicionamento político à esquerda, para colocar a desvinculação em prática. A campanha de divulgação contou com outros nomes da música, como MC Hariel, e também do esporte, entre eles o próprio Richarlison.
Escolhido para ser um dos rostos do anúncio, o atacante do Tottenham, que costuma se posicionar sobre assuntos fora do futebol, participou em agosto de um projeto da Nike, fornecedora de material esportivo da seleção, em parceria com o projeto Onçafari, que tem como objetivo a preservação do meio ambiente e a proteção das onças-pintadas. No vídeo, ele aparece vestindo a nova camisa da seleção.