Site pornô e Google em naming rights: quais os prós e contras para os clubes

Estadão Conteúdo

Duas marcas fortíssimas da indústria fizeram propostas para ter o naming rights de duas das principais equipes da Inglaterra No Everton, foi o site pornô Stripchat, que ofereceu 200 milhões de libras (cerca de R$ 1,2 bilhão) ao time para batizar seu estádio. Já no Tottenham, quem propôs a parceria foi o gigante Google, que, de acordo com o site The Athletic, ofereceu 500 milhões de libras (cerca de R$ 2,8 bilhões) para assinar contrato.

A ideia do site pornô com o Everton é batizar a arena que está sendo construída e terá capacidade para receber 52.888 pessoas. Levaria, em princípio, o nome Estádio da Sustentabilidade do Stripchat (Stripchat Sustainability Stadium, no original). Os acordos não estão assinados.

Já com o Tottenham, a ideia é associar o nome do Google àquele que já é um dos estádios mais modernos do mundo, atualmente chamado de Tottenham Hotspur Stadium. Ele foi inaugurado recentemente, em 2019, com capacidade para 62.850 torcedores. É o terceiro maior do país, atrás apenas de Old Trafford (Manchester United) e do lendário Wembley.

Em 2021, o Tottenham trouxe o executivo americano Todd Kline para comandar esse processo de venda dos namings rights do estádio. Ele possui ampla experiência na área, já que participou da comercialização do nome do estádio do Miami Dolphins, da NFL, para o Hard Rock, por US$ 250 milhões (R$ 1,3 bilhão).

Apesar de oficialmente não confirmar a informação, o Google tem o interesse de estar presente também com grandes instituições ligadas ao futebol, algo que ainda falta em seu portfólio. No esporte, a empresa já é parceira da McLaren e de franquias da NBA.

Já o site pornô Stripchat demonstrou publicamente a intenção de se associar à nova casa do Everton. “Com a notícia de que o Everton está buscando naming rights para seu novo estádio, o Stripchat está fazendo oficialmente uma oferta de 10 anos no valor 20 milhões de libras por ano para que o estádio seja chamado de Stripchat Sustainability Stadium”, disse Max Bennett, vice-presidente de Novas Mídias do Stripchat.

PRÓS E CONTRAS

Para especialistas ligados ao marketing esportivo no Brasil, a associação com o Google só geraria aspectos positivos, mas com sites de pornografia existem algumas observações.

“Associação a grandes empresas é o que todo time busca, pois emprestam prestígio e são uma demonstração de força da marca da instituição e também da gestão. Sites de conteúdo pornográfico entram em desalinho com valores de marca dos clubes, de outros patrocinadores, têm restrições junto a públicos abaixo dos 18 anos e, por consequência, a suas famílias”, alerta Armênio Neto, especialista em novos negócios do esporte.

“É tão difícil executar um acordo quando a oferta é bem acima dos padrões de mercado, na tentativa de literalmente seduzir o clube a aceitar. Mas a oferta em si já gera buzz e ajuda a divulgar o site”, complementa.

Renê Salviano, CEO da agência Heatmap, especialista em marketing esportivo, corrobora da opinião. “Quem está patrocinando ou quem quer ser patrocinado busca sinergia de valores em suas associações. Um estádio que é frequentado por famílias, crianças e será um ponto turístico, deve se preocupar e muito com o seu nome. Neste caso, antes da parte financeira ou qualquer outro atrativo, precisa pensar em seu público na tomada de decisão de aceitar ou não uma marca”, aponta.

“Já o Google tem pilares fortes de governança, presta um serviço de alta qualidade e se preocupa ao extremo com a experiência do usuário, o que o tornou uma das marcas mais influentes do mundo”, compara.

Para Bruno Maia, CEO da Feel The Match e executivo de inovação e novas tecnologias no esporte, a parceria entre clubes e empresas como o Google são uma tendência do mercado que poucos clubes ainda têm enxergado. “Os executivos já vêm apontando que o futebol está no radar da estratégia de expansão da marca há algum tempo. Em 2021, muito se especulou sobre uma oferta que o dono da empresa teria feito para comprar o Arsenal. A combinação de futebol e outras formas de entretenimento também são uma tendência forte de negócios para os próximos anos, sobretudo porque o contexto de consumo atualmente aproxima muito mais áreas que antes eram distantes na rotina do consumidor”, diz.

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