Sob pressão por caso de estupro na Suíça, Cuca deixa o Corinthians após dois jogos

Diário Carioca

Durou apenas dois jogos — e menos de uma semana — a passagem de Cuca pelo Corinthians. O treinador anunciou nesta quarta-feira (26) a saída do comando técnico do time masculino do clube paulista em meio à repercussão pela condenação por estupro na Suíça em 1987.

Em breve pronunciamento após a vitória por 2 a 0 sobre o Remo na Copa do Brasil (e classificação para a próxima fase nas disputas de pênaltis), Cuca evitou falar em arrependimento sobre o caso e se disse surpreso pela pressão sofrida desde o anúncio de sua contratação pela equipe paulista, no último dia 20.

“Eu não esperava essa avalanche que ocorreu aqui, são coisas já passadas há muito tempo, e ressurgidas hoje como se tivesse acontecido ontem”, minimizou. “Eu saio nesse momento, não é o que eu queria, você espera uma vida inteira para estar aqui, mas aí você sai dessa forma.”

Usando tom de voz baixo e com semblante abatido, o treinador ainda disse que está passando pela “pior coisa que um homem pode passar”, pois teve sua dignidade colocada “em xeque” em decorrência do caso pelo qual foi julgado e condenado enquanto era jogador do Grêmio — ele nunca cumpriu a pena, já que foi condenado no exterior e, por lei, o Brasil não extradita seus cidadãos.

Antes do jogo desta quarta, Cuca, por meio de advogados, afirmou que não falaria mais sobre o caso, e que só os representantes legais se pronunciariam. Na época do julgamento, em 1989, ele não esteve na Suíça. Agora, contratou uma equipe jurídica que conta com representantes no país europeu.

Ataques a jornalista

Embora a pressão tenha vindo de muitos lados, inclusive de boa parte da torcida e de jornalistas de diversos veículos, homens e mulheres, o jogador corintiano Roger Guedes escolheu uma “culpada” pela demissão: a jornalista Ana Thaís Matos, comentarista de futebol dos canais do grupo Globo.

Em entrevista após o anúncio da saída do treinador, ainda no estádio onde o Corinthians venceu o Remo, Guedes ignorou o fato de que Cuca foi julgado e condenado na Suíça e disse que Ana Thaís não tinha “provas” para falar dele. 

“As pessoas precisam rever as falas. A Ana Thaís aí, fala bastante”, atacou. “Eu citei a Ana Thaís porque ela é uma das pessoas que atacou muito o Cuca. Ela tem provas para falar dele? Não tem provas para falar dele. Então, ela quer julgar o quê? Com certeza ela já errou um monte de vezes na vida também”, complementou a agressão.

Em seu perfil no Instagram, a jornalista não comentou diretamente a fala de Roger Guedes, mas falou sobre o episódio da contratação e demissão do treinador, destacando um “pacto” sobre o tema. “Que desgosto”, complementou.

“O grande pacto da masculinidade que se articula em todos os níveis de todas as instituições. Passagem de Cuca escancara a podridão”, comentou a também jornalista Milly Lacombe na postagem.

Edição: Glauco Faria

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