Assessora de imprensa do Club de Regatas Vasco da Gama, a jornalista Sarah Borborema foi vítima neste sábado (28/04) de assédio moral por parte de “torcedores” do Fluminense, no Estádio das Laranjeiras, durante a semifinal do Campeonato Carioca Sub-20.
Sarah, infelizmente, reforçou uma triste estatística, de profissionais mulheres que sofrem com o machismo e o preconceito ainda tão entranhados em nossa sociedade. Ninguém melhor do que a própria Sarah para contar da triste experiência que ela viveu quando fazia o seu trabalho:
“Posso ter muitos anos em assessoria de imprensa, viver muitas experiências, mas nunca esquecerei desse dia. Chegamos por volta de 8h30 na sede das Laranjeiras e, logo ao pisar no gramado, senti que o jogo seria tão difícil para mim quanto se estivesse em campo. Um torcedor do Fluminense, aos berros, dizia “eu entro em você como a torcida do Vasco entrou no gramado de São Januário”. Eu travei, não acreditava que tanta gente tinha ouvido e parecia achar normal. No intervalo, como de costume, fui levar um de nossos atletas para falar com a TV FERJ. Quando a entrevista acabou, eis que o coro de “piranha” e “vadia” ecoou. Era real e era para mim. Eu fraquejei, chorei, corri… Ouvi de um segurança que não deveria retornar ali, pois não era seguro. Recebi o apoio dos meus companheiros e do Vasco, como todos os dias da caminhada. Fui prontamente acolhida pelo movimento #DeixaElaTrabalhar, me senti abraçada e percebi que estavam me ouvindo sim, que tinha quem sentisse a mesma dor. Seguirei nos gramados, sorrindo, lutando pelo espaço que é da mulher por direito. Também agradeço aos torcedores vascaínos, que prontamente enviaram mensagens de apoio, e ao Fluminense que se desculpou formalmente e manifestou repúdio ao acontecimento. Seguimos fortes, como dizem os atletas”.
O Club de Regatas Vasco da Gama emitiu uma nota em que repudia atos machistas e preconceituosos como os praticados por alguns “torcedores” do Fluminense e agradece ao clube das Laranjeiras pela solidariedade prestada, ratifica seu apoio ao movimento “Deixa Ela Trabalhar” e segue, firme, na batalha para que a Sarah, assim como qualquer outra profissional mulher, seja sempre respeitada.