Contratado pelo Vasco da Gama no início deste ano, o zagueiro Werley, que veio do Coritiba, ainda não teve muitas chances no time titular do técnico Zé Ricardo, o que faz parte da torcida cruzmaltina ficar revoltada.
O Zagueiro de 29 anos foi revelado pelo Atlético-MG e teve passagens por outros clubes de grande expressão no Brasil: Santos, Grêmio, Figueirense e Coritiba, time que ele defendeu no ano passado, e é tido por muitos torcedores como o melhor defensor do elenco do Vasco ao lado do lesionado Brener.
“Quando veio o Vasco, eu fiquei muito feliz pelo interesse de um clube dessa grandeza. Desde o início eu já sabia que a concorrência seria grande, mas acredito muito no meu potencial e na minha qualidade”, diz o zagueiro.
Raçudo, como se diz no jargão do futebol, dono de bom passe e bom posicionamento, o defensor também joga improvisado pela ala direita quando é preciso. A polivalência do jogador mostra que ele está antenado com as exigências do futebol moderno.
No domingo, Werley foi um dos destaques do Vasco no empate com a Chapecoense em 1×1. A boa atuação já havia acontecido na rodada anterior contra o Atlético-MG.
Na noite desta quinta-feira, o zagueiro deve iniciar a partida contra Racing, em São Januário, pela Libertadores. Werley assistiu a goleada sofrida pelo Vasco na Argentina, mas mesmo assim confia na classificação cruzmaltina para a próxima fase e faz um prognóstico favorável para o embate de hoje: “Eu acredito (na classificação do Vasco), sim, porque ainda dependemos só de nós. Temos dois jogos em casa, no nosso caldeirão”, afirma o zagueiro que confia em uma vitória sobre os argentinos: “Com certeza é possível fazer um grande jogo na quinta-feira, é possível vencer o Racing dentro da nossa casa.”
O Diário Carioca fez uma entrevista exclusiva com Werley, que falou sobre sua carreira, Vasco da Gama e Libertadores. Abaixo você pode conferir como foi nosso bate papo:
Diário Carioca: Você saiu do Coritiba, onde era titular absoluto, para disputar vaga com outros zagueiros renomados no Vasco da Gama. O que o motivou a aceitar o desafio com a camisa cruzmaltina?
Werley: Eu estava em uma situação, digamos, estável no Coritiba. Havia feito um bom campeonato, apesar do rebaixamento, e em dezembro apareceram algumas sondagens, inclusive uma proposta de um outro clube da Série A, mas optei por continuar no Coritiba. Porém, quando veio o Vasco, eu fiquei muito feliz pelo interesse de um clube dessa grandeza. Desde o início eu já sabia que a concorrência seria grande, mas acredito muito no meu potencial e na minha qualidade. Eu já sabia que essa briga por posição seria de igual para igual. À distância, o Zé Ricardo sempre me pareceu um cara muito correto, e eu estou podendo confirmar esse pensamento agora que estou trabalhando com ele no dia a dia. A concorrência em um grande clube como Vasco é comum, mas eu cheguei preparado, sabendo das condições que eu teria aqui. A briga é forte, mas tenho condições para brigar de igual para igual com todos.
Diário Carioca: Você chegou a atuar improvisado quase que de lateral direito no Campeonato Carioca. Se sente a vontade atuando fora de posição?
Werley: Já tive a oportunidade de atuar do lado direito, mas não como lateral especificamente. Atuava como um terceiro zagueiro e eu era colocado mais à direita. Atuei assim com o Leão, no Atlético Mineiro, e com o Renato Gaúcho, no Grêmio. Mas como lateral, apoiando, eu nunca tive a oportunidade de jogar. Já preenchi o lado direito da defesa, sem muita responsabilidade ofensiva. Eu me sinto muito bem dessa forma. É uma função importante porque assim o time libera mais o lateral esquerdo e passa a atuar com um ala na minha frente.
Diário Carioca: Em redes sociais, fóruns e páginas dedicadas ao Vasco da Gama, é fácil encontrar comentários de torcedores dizendo que você e Breno são os melhores zagueiros do elenco vascaíno e que não entendem o motivo de você não ser titular, o que pensa a respeito disso?
Werley: Eu fico feliz pelo carinho do torcedor, isso mostra que meu trabalho está sendo bem desempenhado quando o Zé Ricardo opta por me colocar em campo. O Zé Ricardo é um grande treinador, que eu respeito muito, respeito as suas decisões, e por isso acredito que tenho que continuar trabalhando, buscando sempre meu espaço. O Zé Ricardo sabe a hora certa de dar chance para cada jogador. O importante é estar trabalhando para quando surgir a oportunidade estar preparado e corresponder à expectativa de todos.
DC: Você foi o titular da zaga contra a Chapecoense no último domingo e para muitos o setor defensivo do Vasco melhorou. Acredita que tenha conquistado a posição?
Werley: Eu procurei fazer o meu papel e ajudar meus companheiros. Como eu disse, a concorrência é sadia, e o Zé sabe o momento certo de dar oportunidade para cada atleta. No domingo tive minha chance e procurei fazer o que tenho feito nos treinamentos. Fico feliz pelo segundo tempo da equipe, o time fez um grande jogo e o resultado poderia ter sido melhor. Não foi possível, mas o importante é continuar trabalhando e sempre que tiver uma oportunidade procurar ajudar a todos.
DC: Como tem sido trabalhar com Zé Ricardo?
Werley: Tem sido muito bom, estou aprendendo muito com ele. É um treinador da nova geração, um cara muito inteligente. São trabalhos como esse que fazem a gente evoluir. Eu procuro me dedicar ao máximo e aproveitar a oportunidade de trabalhar com um cara estudioso como ele. Tento aprender o máximo possível porque acho que tenho uma carreira longa pela frente e é sempre bom estar me aprimorando.
DC: O Vasco está em uma situação muito difícil na Libertadores. Acredita na classificação?
Werley: Eu acredito, sim, porque ainda dependemos só de nós. Temos dois jogos em casa, no nosso caldeirão. Iremos contar com o apoio do nosso torcedor, o décimo segundo jogador, e isso vai nos ajudar demais. Tem muita coisa pela frente ainda. Estamos pensando apenas na vitória na quinta-feira. Precisamos entrar firmes e fortes para buscarmos a classificação.
DC: Como foi ver a atuação contra o Racing na Argentina e o que espera do confronto em São Januário, é possível devolver o resultado?
Werley: É sempre ruim perder. Foi uma derrota que nos machucou bastante, todos ficaram chateados. Não esperávamos aquele resultado na Argentina. Porém, com certeza é possível fazer um grande jogo na quinta-feira, é possível vencer o Racing dentro da nossa casa. Estamos trabalhando muito pra corrigir nossos erros e estamos muito confiantes que iremos fazer um grande jogo para sair com a vitória.
DC: No futebol brasileiro o nível dos atacantes tem sido cada vez mais alto e os esquemas táticos estão dando maior mobilidade para os jogadores da frente, há algum segredo para parar um jogador individualmente?
Werley: Lógico que existem jogadores de muita qualidade e por isso precisamos ter muita atenção dentro da área. Os atacantes têm procurado se posicionar bem, e a atenção em lances na área é fundamental. Contra jogadores velozes é importante sempre dobrar a marcação, sempre ter um suporte, alguém dando cobertura para fechar todos os espaços.
DC: Dentre os clubes por quais passou, qual foi a passagem mais marcante em sua carreira?
Werley: Eu fui muito feliz em todos os clubes que passei. Comecei no Atlético, fui muito feliz por lá, mas amadureci bastante no Grêmio. Fiz grandes campeonatos, alguns gols, mas infelizmente faltou um título de expressão. No Santos, tive a oportunidade de ganhar o Campeonato Paulista. Em geral, em todos os clubes que passei fui muito feliz, mas o mais marcante foi o Grêmio, por tudo que vivi lá. Foram grandes jogos, disputei Libertadores e Sul-Americana. Com certeza o Grêmio foi um clube que me marcou muito.
DC: Você é um jogador acostumado a pressão, jogou em grandes clubes do futebol brasileiro. Como enxerga a situação do Vasco da Gama hoje, acredita que o clube consiga algum título este ano?
Werley: Acredito que sim, pois é isso que o clube e os jogadores querem. Encontrei aqui no Vasco algo muito parecido com o que vi no Grêmio. Jogadores experientes e jogadores jovens, todos procurando ajudar bastante. Os mais experientes sempre aconselhando os mais novos. São atletas que gostam de trabalhar, estão felizes por estar no clube. Acredito que o Vasco está no caminho certo e tenho certeza que esse ano ainda vamos comemorar coisas grandes. Tem muita coisa para acontecer durante o ano, temos a Copa do Brasil, acabamos de iniciar o Brasileiro. O intuito do grupo é esse, vencer, e vamos fazer de tudo para dar essa alegria ao torcedor.
DC: Qual o sonho que ainda tem no futebol que não realizou?
Werley: Eu sou muito grato por tudo que o futebol me deu até hoje, pelos clubes que eu passei, pelas competições que disputei. O sonho de todo jogador é chegar na Seleção Brasileira, e comigo não é diferente. Com certeza, tenho o sonho de vestir a camisa da nossa seleção e, hoje, de conquistar um título nacional com o Vasco. Temos uma torcida apaixonada, que cobra muito, mas também apoia e empurra muito o time. São torcedores que comparecem ao estádio e abraçam o time. Hoje, meus sonhos são esses: ir para a seleção e conquistar um título nacional de expressão pelo Vasco.