Atleta carioca terminou a bateria na raia de Sea Forest na terceira posição. Ele retorna à água na noite de domingo (horário brasileiro) em busca de um posto entre os 12 semifinalistas
Nome solitário do remo brasileiro nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o carioca Lucas Verthein, de 23 anos, exorcizou a ansiedade de disputar a primeira bateria do primeiro dia da primeira prova individual dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Com uma remada consistente nos dois mil metros da prova do single skiff, o brasileiro terminou o percurso na terceira posição, com 7min05s. À frente dele cruzaram a linha de chegada o norueguês Kjetil Borch, com 6min54s, e o húngaro Bendeguz Petervari-Molnar (7min04s42).
Lucas Verthein cruza a linha de chegada em sua bateria na terceira colocação: garantido nas quartas. Foto: Rodolfo Vilela/ rededoesporte.gov.br
“Foi uma prova de estreia. Você fica mesmo mais ansioso por ser a primeira. É normal em qualquer competição. Em uma Olimpíada tem ainda esse significado de tudo o que você batalha para chegar aqui. Remei bem dentro das minhas qualidades técnicas e fiz um bom tempo”
Lucas Verthein
“Foi uma prova de estreia. Você fica mesmo mais ansioso por ser a primeira. É normal em qualquer competição. Em uma Olimpíada tem ainda esse significado de tudo o que você batalha para chegar aqui. É uma raia que não é fácil de remar. Tem de ter um conhecimento técnico grande. Acho que remei bem dentro das minhas qualidades técnicas e fiz um bom tempo”, avaliou o atleta.
Pelas regras do remo, os três primeiros em cada bateria qualificatória passam automaticamente para a fase de quartas de final, etapa que reúne os 24 melhores. Lucas tentará a vaga para chegar entre os 12 semifinalistas na segunda-feira (26.07) pela manhã no horário japonês (domingo à noite para os brasileiros).
“Agora é focar em fazer uma prova ainda melhor e me preparar para estar no Top 12. Tudo tem de ser passo a passo. Tenho dois dias para melhorar detalhes e qualidades que possa ter deixado passar nessa primeira chance, mas estou feliz de ter me classificado e de estar representando o Brasil. Quero que esta seja a minha primeira Olimpíada de muitas”.
Investimentos
Durante todo o ciclo entre os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2021, Lucas Verthein contou com o suporte do Bolsa Atleta, programa de patrocínio direto do Governo Federal Brasileiro. Lucas é integrante da categoria Internacional do programa e também faz parte do Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas, na Marinha do Brasil.
“Esses programas do Governo Federal são essenciais para um atleta ter o dia a dia mais tranquilo, comprar equipamentos, investir nele mesmo, ter a própria alimentação diferenciada. É uma coisa que faz muita diferença para você ficar com a mente tranquila, focada nos treinos. Sabendo investir esses recursos, muda muito a vida de um atleta”, comentou o remador.
No ciclo entres os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2021, o remo recebeu investimento direto, via Bolsa Atleta, de R$ 6,9 milhões, recursos que foram suficientes para a concessão de 482 bolsas de patrocínio direto a praticantes da modalidade que obtiveram resultados expressivos nas diversas categorias do programa.
Variação de vento
Um dos desafios do percurso montado na capital japonesa, segundo Lucas, é a inconstância do vento. “Às vezes você pega um vento lateral que te joga para cima da raia de um adversário. Aí você precisa fazer um pouco de força com o outro lado do corpo para ter uma compensação. É uma raia adversa. Desafia a todos. Mas gosto disso, porque a raia da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, onde treino, também é um pouco assim”, comentou o atleta, que para completar o percurso cumpre entre 245 e 250 remadas.
Numa prova de 2.000 metros, o principal desafio dos atletas é dosar a energia ao longo do percurso para manter a constância sem perder a potência. “Em geral eu tento um ritmo maior de remadas nos primeiros 500 metros. Depois da metade da prova, adoto um ritmo menor, mas de constância maior. Encontrar o ponto entre o número de remadas e a velocidade do barco é o maior desafio”, explicou Lucas, que dosou a força no fim ao perceber que já tinha garantido o terceiro lugar.
“No final da prova de hoje procurei não destruir toda a minha energia porque sei que daqui a dois dias terei outra. Preciso estar focado para ter o máximo de energia guardada. O tempo de 7min05s é bom dentro das condições apresentadas na raia. Tanto que, mesmo que estivesse em qualquer das outras baterias, eu teria passado de fase”, disse o atleta, que pretende aproveitar a visibilidade natural que os Jogos Olímpicos trazem para massificar a modalidade.
“Meu objetivo é levar o Brasil ao lugar mais alto possível. Treino todos os dias para fazer do Brasil uma potência no remo. Espero que outros conheçam e possam praticar e nos permitam gradualmente massificar a modalidade e descobrir novos talentos. A ideia é encorajar outras gerações e tornar o remo uma potência”, concluiu. Na história olímpica, o Brasil ainda não conquistou medalhas no remo.
Gustavo Cunha, de Tóquio, no Japão – rededoesporte.gov.br