“Pérola na Cartola” destaca a poesia e lirismo das canções de Cartola

Diário Carioca

No ano em que a cidade do Rio de Janeiro foi palco de dois carnavais, o samba deixa a Avenida e invade o Theatro Municipal com o espetáculo “Pérola na Cartola, as mais lindas canções”. Em formato nada usual, a obra de Agenor de Oliveira, o grande Cartola, ganha roupagem camerística, com enfoque no lirismo e poesia de suas letras. Aliás, a ousada releitura fez com que ressaltassem ainda mais a poesia, deixando aparente o preciosismo das composições de Cartola.

A proeza de aproximar a genialidade do compositor popular com a estética erudita é realizada por músicos de excelência: a cantora Georgia Szpilman, idealizadora do projeto, é acompanhada pelo violonista, arranjador e diretor musical do espetáculo Fábio Nin, além do clarinetista Moisés Santos e o contrabaixista Tony Botelho. No repertório, a apresentação dos maiores sucessos do consagrado sambista, entremeada pela história da vida e obra desse que é considerado, por muitos, um dos maiores nomes da MPB.

“Há anos venho sonhando em fazer Cartola. As poesias e suas músicas, sempre me fascinaram. Porém tudo já havia sido cantado e “recantado”. Por este motivo, pela beleza das composições e pelo meu ouvido apurado vindo do trabalho com a música erudita, me levaram a fazer um Cartola com uma formação quase camerística, criando assim uma abordagem bastante diferenciada”, afirma Georgia Szpilman.

“Pérola na Cartola” abre com a fantasia sobre o tema “Alvorada”, composta e tocada pelo violonista concertista Fábio Nin, já dando o tom do espetáculo e preparando a entrada do canto. A sofisticação segue envolvendo a plateia com “As rosas não falam”, apenas voz e clarinete, com uma introdução surpreendente e um canto quase falado, realçando ao máximo a poesia de Cartola. Já “A vida é um moinho” traz o solo de clarinete de Moises, apoiado pelo violão e contrabaixo acústico, uma sonoridade totalmente nova desta composição. Em “Divina Dama”, com o uso do clarone, Moises faz um contraponto com o violão e a voz. Já em “Verde que te quero verde”,  o Samba fala mais alto, a canção na qual Cartola enaltece a sua escola de samba Mangueira, assim como as belezas da natureza e do corpo das mulatas, encerra com louvor a homenagem.

“O que buscamos em todas as músicas foi, literalmente, apontar as pérolas deste grande gênio que foi (e é) Cartola, músico e poeta de primeira linha, elogiado pelo grande poeta Manoel Bandeira”, sintetiza Szpilman.

Além disso, ele destaca, “Por sorte ainda conseguimos uma data especial: 13 de maio, dia da Abolição da Escravatura. Afinal estaremos homenageando neste dia um afrodescendente que foi apreciado e homenageado diversas vezes, por uma elite branca e europeia. Para nós, músicos, é um orgulho poder reverencia-lo como ele merece, dentro do Theatro Municipal”.

SERVIÇO

“Pérola na Cartola: as mais lindas canções”

Sexta feira, 13 de maio de 2022 às 18h.

Theatro Municipal do Rio de Janeiro na Sala Mário Tavares (AV. Almirante Barroso 14/16 Centro)

Tempo de Duração: 60 minutos

Share This Article
Follow:
Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca