O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta quinta-feira (22) que um relatório dos serviços de inteligência da Ucrânia indicou que “a Rússia está considerando um cenário de ataque terrorista na usina nuclear de Zaporozhye” que resultaria em uma liberação de radiação. A declaração surge após acusações do lado russo de que Kiev estaria preparando um ataque de provocação na usina.
“Infelizmente, tive que lembrar mais de uma vez que a radiação não conhece fronteiras de estado e quem ela atinge é determinado apenas pela direção do vento”, disse Zelensky.
O líder ucraniano acrescentou que a Ucrânia transferirá esses dados para seus parceiros: “Europa, América, China, Brasil, Índia, mundo árabe, África – todos os países, absolutamente todos deveriam saber disso”.
Zelensky ainda destacou que “desta vez não será como com Kakhovka”, se referindo à recente destruição da barragem da hidrelétrica de Kakhovka, que também fica localizada em uma região ucraniana anexada pela Rússia, assim como Zaporozhye. “O mundo foi avisado, o que significa que o mundo pode e deve agir”, completou o presidente ucraniano.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também se pronunciou afirmando que as declarações de Zelensky representam “outra mentira”. “Vocês sabem, acabou de haver contatos com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) lá, no local. Uma avaliação muito qualificada da AIEA. Eles viram tudo – tudo o que queriam ver”, disse Peskov.
A AIEA negou a declaração do chefe da inteligência ucraniana, Kirill Budanov, de que as tropas russas colocaram minas terrestres nas proximidades da usina nuclear de Zaporozhye, incluindo na lagoa de resfriamento. O chefe da AIEA, Rafael Grossi, afirmou nesta quinta-feira (22) que a agência está ciente da colocação anterior de minas ao redor do perímetro da estação para fins defensivos. Segundo Grossi, as principais funções de segurança da usina nuclear não foram violadas nesse sentido
A central nuclear de Zaporozhye está localizada na margem esquerda do rio Dnieper, perto da cidade de Energodar. Esta é a maior usina nuclear da Europa em número de unidades e capacidade instalada. Em outubro de 2022, a Rússia assumiu o controle da usina em meio à anexação da região por parte da Federação Russa.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, afirma que Kiev procura criar a aparência de uma ameaça de catástrofe nuclear e continua a realizar bombardeios propositalmente na usina. A Agência Internacional de Energia Atômica afirmou repetidamente a necessidade de criar uma zona de segurança em torno da usina nuclear de Zaporozhye.
Edição: Thales Schmidt