Miami, 15 nov (EFE).- O empresário colombiano Álex Saab, suposto testa de ferro do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se declarou inocente de uma acusação de lavagem de dinheiro nesta segunda-feira, em um tribunal federal dos Estados Unidos.
Em breve audiência de cerca de 15 minutos realizada em Miami diante do juiz Robert N. Scola Jr para a leitura formal das acusações, a defesa insistiu que Saab, de 49 anos, é um diplomata que também conta com cidadania venezuelana e imunidade.
Após mais de um ano preso em Cabo Verde, Saab foi extraditado para os EUA em 16 de outubro para responder por um caso de lavagem de dinheiro ligado aos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAP) da Venezuela, um sistema criado pelo presidente Nicolás Maduro em 2016 que o Departamento do Tesouro dos EUA diz ser um esquema para o empresário obter “lucros substanciais”.
Saab, que apareceu vestido com um macacão bege, enfrenta uma sentença de cerca de 20 anos se for condenado pela acusação única de conspiração para cometer lavagem de dinheiro, pena que pode ser reduzida se ele fizer um acordo com os procuradores, o que normalmente inclui a entrega de outros cúmplices.
Há 15 dias, o juiz Scola, que permanecerá encarregado do caso, indeferiu sete acusações de lavagem de dinheiro contra Saab.
A redução de acusações fazia parte do acordo de extradição com o governo cabo-verdiano, de modo a que, se ele fosse considerado culpado, a sentença não excedesse a pena que teria recebido no país africano.
A audiência desta segunda-feira foi aberta à imprensa, como solicitado pela acusação com o fundamento de que o caso é de “interesse público”, e depois de a defesa da Saab ter solicitado que o acesso dos jornalistas fosse limitado para evitar que fossem tiradas fotos do acusado, como aconteceu na primeira audiência, em 18 de outubro.
Como parte da moção, Saab tinha anexado uma lista de pessoas e veículos de comunicação que supostamente violaram a Regra Federal de Processo Penal 53, que proíbe a coleta e a divulgação de imagens obtidas durante as audiências no Distrito Sul da Florida, e solicitou uma investigação.
Em resposta, o juiz ordenou na semana passada à Procuradoria dos EUA que investigasse os veículos que ilegalmente tiraram e publicaram fotografias na audiência feita pelo aplicativo Zoom.
Scola frisou que não limitará as audiências online, como solicitado pela defesa, mas disse que “pretende” realizar futuras audiências em tribunal pessoalmente para evitar tais problemas e dado que a incidência da pandemia de covid-19 diminuiu na Flórida. EFE