Glasgow (Reino Unido), 10 nov (EFE).- Diversas organizações de defesa do meio ambiente indicaram que o rascunho do acordo para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), apresentado nesta quarta-feira, é “insuficiente e pouco sólido”.
A presidência da reunião de cúpula publicou hoje o texto inicial, que segundo disse à Agência Efe o presidente para a Transição Ecológica do Congresso de Deputados da Espanha, Juan Antonio López de Uralde, evidencia “uma forte luta dos grupos de pressão das empresas de combustíveis fósseis”.
O parlamentar, que lidera o partido ecologista Aliança Verde, afirmou que “o que sempre acontece nestas cúpulas, especialmente devido a falta de caráter vinculante dos acordos, é enfrentar esses grupos de pressão, contra quem é preciso tomar medidas urgentes”.
O coordenador de Energia e Clima da ONG espanhola Ecologistas em Ação, Javier Andaluz, garantiu que “um rascunho de texto com tão pouco como o apresentado nesta madrugada é inadmissível”.
O ativista lamentou que, após dez dias de negociação, o documento apresentado pelo presidente da COP26, o britânico Alok Sharma, “não diz nada do que soubéssemos antes de vir”.
“Já sabíamos que os compromissos e o financiamento eram insuficientes, mas o que se esperava dos países é que solucionassem isso nesta cúpula, o que não estão fazendo”, disse Andaluz à Efe.
Já Irene Rubiera, que é delegada da ONG Ecologistas em Ação na conferência de Glasgow, afirmou que “se esse rascunho de acordo se converte em resultado final da cúpula, a comunidade internacional terá perdido outra vez a chance de tomar medidas que sigam as orientações científicas”.
David Howell, responsável por energia e clima da organização SEO/Birdlife, disse à Efe que se espera “uma aposta sólida e séria para proteger a natureza” e que os países pressionem “amarrar no texto final tudo o que for relacionado com a conservação de ecossistemas para 2030”.
“São esponjas naturais de CO2 e representam uma infraestrutura natural para reduzir as emissões”, afirmou o especialista.
O Greenpeace, por sua vez, avaliou que o “rascunho do texto final não é um plano para resolver a crise climática, é um acordo para que todos cruzemos os dedos e esperemos que aconteça o melhor possível”.
“Trata-se de uma petição para que os países, talvez, possam fazer mais no ano que vem. É insuficiente”, indicou a organização, por meio de comunicado.
“O texto deve ser muito mais sólido em matéria de financiamento e adaptação”, completou a ONG, lembrando que é preciso incluir cifras reais de centenas de bilhões de dólares, para que os países ricos ofereçam suporte aos menos desenvolvidos.
“Os negociadores não deveriam nem pensar em sair desta cidade até que tenham chegado a um acordo a altura do momento, já que, com toda segurança, este não está”, conclui o Greenpeace. EFE