Redação Central, 12 nov (EFE).- Nos últimos 40 anos, a mudança climática não apenas reduziu o número de pássaros na floresta amazônica, como mudou o tamanho deles: tornaram-se menores e com asas mais longas.
O alerta é de um estudo publicado nesta sexta-feira pela revista científica “Science Advances” que explicando que essas mudanças físicas, ocorridas ao longo de várias gerações, têm ajudado as aves a se adaptarem às condições cada vez mais quentes e secas da estação seca (de junho a novembro).
“Mesmo em meio à intocada floresta amazônica, estamos vendo os efeitos globais da mudança climática causada pelo homem”, disse Vitek Jirinec, ecologista da Universidade do Estado da Louisiana (LSU) e autor principal do estudo (o primeiro a descobrir alterações no tamanho e forma dos corpos das aves não migratórias).
Para realizar o estudo, os autores analisaram dados de mais de 15 mil aves capturadas, medidas, pesadas, marcadas e soltas na Amazônia nos últimos 40 anos.
Os dados mostraram que, desde a década de 1980, quase todos os corpos das aves diminuíram de massa ou ficaram mais leves e que a maioria das espécies perdeu em média 2% do peso corporal em cada década. Para uma espécie que pesava cerca de 30 gramas na década de 1980, a população pesa hoje em média 27,6 gramas.
Além disso, os dados foram coletados em uma ampla área da floresta tropical, o que mostra que as alterações nas aves não se limitam a um local específico, mas são um fenômeno “significativo e generalizado” que provavelmente não afeta apenas as aves.
“Se você olhar pela janela e pensar no que está vendo, verá que as condições não são as que eram 40 anos atrás, e é muito provável que as plantas e os animais estejam respondendo a essas mudanças”, argumentou Philip Stouffer, pesquisador da LSU e coautor do estudo.
Os cientistas analisaram 77 espécies de pássaros da floresta tropical que vivem desde o solo frio e escuro da floresta até as áreas mais quentes e ensolaradas e descobriram que aqueles mais presentes no sub-bosque e estão mais expostas ao calor e às condições mais secas tiveram mudanças mais mais drásticas em seu peso e asas.
Os autores acreditam que as aves se adaptaram a um clima mais quente e seco, reduzindo a carga em suas asas (peso) e alongando seu comprimento para serem mais eficientes em termos de energia durante o voo. Esta foi a forma de adaptação às mudanças climáticas, mas serão capazes de lidar com um ambiente cada vez mais quente e seco? Essa questão permanece sem resposta, concluem os autores. EFE