Paris, 21 nov (EFE).- O ex-presidente da Fifa Joseph Blatter afirmou que a eleição do Catar como sede da Copa do Mundo de 2022 “foi um grande erro” e que Nicolás Sarkozy, ex-presidente da França, foi quem interferiu para que o país do Oriente Médio fosse escolhido.
“Estava decepcionado pela vitória do Catar”, disse Blatter em entrevista publicada neste domingo na edição digital do jornal francês “Le Monde”.
Blatter, que renunciou em 2 de junho de 2015 devido a um escândalo de corrupção, quatro dias após ter sido reeleito como presidente da Fifa, disse que Sarkozy convenceu o então mandatário da Uefa, Michel Platini, a apoiar o Catar, e não os Estados Unidos, como tinham combinado até aquele momento.
A isso foi somada a ocasião em que duas sedes foram escolhidas de uma vez: a de 2018 – para a qual Espanha e Portugal concorriam em conjunto -, que foi para a Rússia, e a de 2022, que tinha os Estados Unidos como favoritos, mas o Catar acabou ganhando.
Blatter disse que houve muitos pontos de interrogação durante o a escolha do Catar, como o tamanho do país e as datas em que a competição deveria ser realizada, já que faz muito calor no verão.
“Pensei que tanto risco não comprometeria o nosso acordo inicial de atribuir as duas Copas à Rússia e aos Estados Unidos”, disse ele.
Mas a intervenção de Sarkozy “mudou tudo”, segundo o ex-presidente da Fifa, que não descarta a possibilidade de que “o dinheiro circulou” em toda a operação, sem acusar diretamente ninguém.
“Em decisões tão importantes como a atribuição de uma Copa do Mundo é muito possível que o dinheiro circule e que alguém o coloque no bolso”, disse Blatter, que considerou que a investigação aberta pela Fifa para o caso não foi “suficientemente rigorosa”.
“Sem a intervenção de última hora de Sarkozy sobre Platini, o Catar nunca teria tido à Copa do Mundo”, de acordo com o ex-dirigente, que ligou este apoio à compra do Paris Saint-Germain por um fundo soberano catariano e “as principais atividades econômicas entre Catar e França”.
“Foi a primeira vez que uma intervenção política mudou uma grande decisão futebolística”, afirmou, reiterando que “em nível social e climático foi um grande erro dar a Copa do Mundo ao Catar”. EFE