Borrell acredita que metas ambientais do Brasil favorecem acordo UE-Mercosul

Diário Carioca

Eduardo Davis.

Brasília, 4 nov (EFE) – O alto representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Josep Borrell, disse nesta quinta-feira que as novas metas ambientais adotadas pelo governo brasileiro vão ajudar a ratificar o acordo UE-Mercosul.

Borrell foi recebido em Brasília pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e destacou a “vontade” e o “desejo” de ambas as partes em acelerar o processo de ratificação parlamentar do acordo comercial, além de valorizar o discurso mais pró-ecologicamente correto feito agora pelo governo de Jair Bolsonaro.

O político espanhol, em sua primeira visita a Brasília como chefe da diplomacia europeia, destacou em particular os novos objetivos que o Brasil anunciou na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que visam acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2018 e conseguir a neutralidade de carbono até 2050, entre outras metas.

“São elementos cruciais para o sucesso da conclusão do acordo”, sobre cuja ratificação UE e Mercosul “estão trabalhando em conjunto para prestar os esclarecimentos necessários” a países como França e Áustria, entre outros, que duvidam da ratificação do acordo devido às políticas ambientais agressivas de Bolsonaro, disse Borrell.

Por sua vez, Carlos França reafirmou o interesse do governo brasileiro e dos demais membros do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai) em pôr fim, o mais rápido possível, aos obstáculos que continuam dificultando um acordo anunciado em 2019, após cerca de duas décadas de negociações.

“Reafirmamos o compromisso recíproco de concluir todo o processo do acordo” e “concordamos que, uma vez assinado, nos garantirá os mais elevados padrões de proteção ambiental”, disse o chanceler.

Tanto Borrell quanto França citaram o forte relacionamento entre Brasil e a UE como exemplo para destacar o futuro comercial “promissor” que se abrirá com a ratificação do acordo.

Ambos citaram dados oficiais segundo os quais o comércio entre Brasil e UE atingiu em 2020, apesar da crise causada pela pandemia da covid-19, um valor próximo de US$ 60 bilhões, um valor que já foi quase superado nos primeiros dez meses deste ano.

SOLIDARIEDADE COM VENEZUELA.

Borrell também elogiou a “solidariedade” que o Brasil e os países da UE têm demonstrado aos milhões de venezuelanos que tiveram que deixar seu país de origem, assolado por uma profunda crise econômica, social e política.

Em particular, ele destacou o “exemplo” dado pelo Brasil por meio da Operação Acolhida, que desde 2018 tem prestado apoio aos quase 300 mil venezuelanos que chegaram ao país, que são inclusive auxiliados no processo de inserção no mercado de trabalho.

Fontes diplomáticas disseram à Agência Efe que Borrell também destacou este “exemplo solidário” durante um breve encontro que teve com Bolsonaro, que o recebeu no Palácio do Planalto de forma reservada.

Após ter sido recebido pelo presidente, o chefe da diplomacia europeia se reuniu com um grupo de venezuelanos radicados no Brasil e recebeu uma explicação detalhada sobre o funcionamento da Operação Acolhida.

Esse mesmo espírito de solidariedade foi evocado por Carlos França e Borrell em relação à assinatura de um acordo de cooperação bilateral através do qual Brasil e UE se comprometem a unir forças para oferecer ajuda humanitária a outros países ou blocos.

Borrell encerrará a visita ao Brasil e a viagem pela América Latina, iniciada no Peru, nesta sexta, quando será recebido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. EFE

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca