Cabo Verde extradita suposto testa de ferro de Maduro aos EUA

Diário Carioca

Praia, 16 out (EFE).- Cabo Verde extraditou aos Estados Unidos neste sábado o empresário colombiano Álex Saab, suposto testa de ferro do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmaram à Agência Efe fontes do governo cabo-verdiano.

Saab, que estava detido em Cabo Verde desde junho de 2020 e é acusado de lavagem de dinheiro, deixou o país africano a bordo de um avião rumo aos EUA neste sábado.

De acordo com as fontes, o Tribunal Constitucional de Cabo Verde, que considerou constitucional a extradição do colombiano em 7 de setembro, enviou à Procuradoria-Geral da República na quinta-feira, 14 de outubro, a ordem final do tribunal para que a extradição entrasse em vigor.

Do mesmo modo, em carta enviada pelo Ministério da Justiça de Cabo Verde, também datada de quinta-feira, à qual Efe teve acesso, o governo informou a embaixada dos EUA no país africano sobre a execução da entrega de Saab e solicitou informações sobre os meios de transporte, a data e a hora da transferência.

A extradição põe fim a um longo caso que durou mais de um ano, desde que o empresário foi preso em 12 de junho de 2020, quando o seu avião parou para reabastecer no Aeroporto Internacional Amilcar Cabral, na ilha de Sal.

A prisão correspondia a um pedido dos EUA emitido através da Interpol, mas a defesa alegou que esse alerta foi emitido depois da detenção, motivo pelo qual apresentou um recurso contra a suposta inconstitucionalidade da prisão.

No entanto, esta e todas as outras tentativas jurídicas dos advogados de Saab para impedir a sua extradição falharam perante os tribunais cabo-verdianos.

O sistema judicial do país africano também não deu ouvidos ao Tribunal de Justiça da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) – um bloco de países ao qual Cabo Verde pertence – quando decidiu em dezembro do ano passado que ele deveria ter acesso sem restrições a médicos especialistas de sua escolha, nem ao Comitê dos Direitos Humanos da ONU, que fez o mesmo pedido em junho.

Após a detenção, a Venezuela alegou que o empresário é um cidadão venezuelano e um “agente” governamental que estava “em trânsito” em Cabo Verde, razão pela qual os advogados argumentaram que ele “tinha direito à inviolabilidade pessoal como enviado especial da Venezuela”.

Saab, nascido na cidade colombiana de Barranquilla e de origem libanesa, está ligado a várias empresas, incluindo o Group Grand Limited (GGL), acusado de fornecer alimentos e produtos a preços inflados ao governo do presidente Nicolás Maduro.

O empresário e três enteados de Maduro lucraram “centenas de milhões de dólares” com estas operações, segundo as autoridades americanas. EFE

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