Caracas, 20 out (EFE).- O líder opositor venezuelano Henrique Capriles afirmou nesta quarta-feira que o governo de Nicolás Maduro decidiu suspender o diálogo com a oposição, realizado no México, usando como uma “desculpa” a extradição do empresário Alex Saab – suposto testa de ferro do presidente – para os Estados Unidos, onde será julgado por lavagem de dinheiro.
“Parece que essa é a desculpa, aparentemente, para não querer avançar em uma solução para a crise do país. Todos os aliados de Maduro disseram que concordam com um processo de negociação com toda a comunidade internacional”, disse Capriles em entrevista coletiva.
“Então a possibilidade de avançar está paralisada por causa de uma pessoa? Por que?” questionou o opositor após insistir que o país “precisa de um processo de negociação”.
Capriles também criticou o governo venezuelano por atribuir o cargo de diplomata a Saab e negou que o empresário tenha esse título, que Caracas lhe concedeu quando já estava na prisão em Cabo Verde, para que obtivesse imunidade diplomática e, consequentemente, a imediata libertação e o fim do processo judicial.
“Ele não é um diplomata, nada, então eles inventaram agora que é um diplomata e deram um passaporte diplomático”, declarou Capriles, além de acusar Saab de estar por trás de uma das maiores “covas” de corrupção dos últimos anos e que envolve a área de importação de alimentos.
Saab é um empresário colombiano que começou a ficar conhecido depois que a ex-promotora venezuelana Luisa Ortega Díaz o apontou em 2017 como testa de ferro de Nicolás Maduro.
O empresário colombiano está sendo investigado pelos EUA e é alvo de sete acusações de lavagem de dinheiro e uma de conspiração para lavagem de dinheiro. Além disso, desde maio de 2019 é sancionado pela Agência de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro americano (OFAC).
No dia 12 de junho de 2020, o empresário foi detido em Cabo Verde a pedido – através da Interpol – dos Estados Unidos, e no último sábado foi extraditado para esse país. EFE