Manágua, 10 nov (EFE).- O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, que já tinha assegurado a reeleição no pleito realizado no último domingo, chegou a 75,87% dos votos com a apuração muito perto de ser concluída – está na marca de 99,9%, segundo o Conselho Supremo Eleitoral do país (CSE).
O ex-guerrilheiro sandinista, que completará 76 anos amanhã e está no poder desde 2007, buscava seu quinto mandato presidencial de cinco anos, o quarto consecutivo, em meio a dúvidas sobre a legitimidade das eleições devido à prisão de sete candidatos da oposição apontados como seus principais concorrentes. Além disso, três partidos políticos foram eliminados da disputa.
De acordo com o relatório do CSE, Ortega venceu os cinco candidatos restantes – considerados “colaboradores” do governo pelos opositores excluídos. Juntos, eles não chegaram a 25% dos votos.
O presidente nicaraguense, que assumirá o novo mandato em 10 de janeiro de 2022, poderá permanecer no cargo até janeiro de 2027. Com isso, completaria 20 anos consecutivos no poder, algo sem precedentes na história recente do país centro-americano e de toda a América Central. As eleições marcaram também a reeleição da primeira-dama Rosario Murillo como vice-presidente.
O candidato do Partido Liberal Constitucionalista, deputado Walter Espinoza, obteve 14,33% dos votos. Com isso, ficou em segundo lugar, o que por lei lhe garante um assento na Assembleia Nacional.
Os outros quatro candidatos presidenciais ficaram com menos de 4% dos votos: Guillermo Osorno, do Caminho Cristão Nicaraguense (CCN), obteve 3,26%; Marcelo Montiel, da Aliança Liberal Nicaraguense (ALN), 3,11%; Gerson Gutiérrez Gasparín, da Aliança pela República (APRE), 1,75%; e Mauricio Orué, do Partido Liberal Independente (PLI), 1,69%, de acordo com os resultados oficiais.
CSE RELATA 65,26% DE PARTICIPAÇÃO DE ELEITORES.
A presidente do CSE, Brenda Rocha, disse em entrevista coletiva que, dos mais de 4,4 milhões de nicaraguenses aptos a votar, 65,26% foram às urnas. O número contrasta com estimativas independentes, como a do Observatório Urnas Abertas, que situou a abstenção em pouco mais de 80%, e a do partido CCN, que a estimou em 75%.
O pleito foi muito criticado pela maioria da comunidade internacional devido à ausência de sete candidatos presidenciais da oposição que foram presos antes do pleito sob acusações de “traição”, incluindo a independente Cristiana Chamorro. Filha da ex-presidente Violeta Chamorro, que derrotou os sandinistas e Ortega nas urnas em 1990, ela era o nome da oposição com maior probabilidade de ganhar as eleições, de acordo com diversas pesquisas de intenção de voto.
O ex-embaixador nicaraguense nos EUA Arturo Cruz, que foi preso ao retornar de uma viagem a Washington; Félix Maradiaga, Juan Sebastián Chamorro, o jornalista Miguel Mora, o líder rural Medardo Mairena e Noel Vidaurre também estavam fora da corrida eleitoral devido a prisões e investigações promovidas pelo governo de Ortega.
PARTIDO DE ORTEGA TEM CONTROLE ABSOLUTO DO PARLAMENTO.
O CSE também confirmou uma ampla vitória da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FLSN), partido de Ortega e Murillo, nas eleições para 90 cargos de deputado na Assembleia Nacional e 20 no Parlamento Centro-Americano (Parlacen). Entretanto, neste caso, Rocha não especificou quantos assentos cada partido conseguiu.
De acordo com os últimos resultados, a FSLN teria obtido mais de 70 dos 90 assentos na Assembleia Nacional e 15 dos 20 no Parlacen. EFE