Comissão peruana condena homenagem no Brasil a líder do Sendero Luminoso

Diário Carioca

Lima, 26 out (EFE).- A Comissão de Defesa Nacional do Congresso do Peru solicitou uma investigação sobre o que definiu como uma suposta atividade de apologia ao terrorismo realizada no Brasil por dezenas de pessoas que homenagearam o falecido fundador e líder do Sendero Luminoso, Abimael Guzmán.

Segundo imagens transmitidas nesta terça-feira pelo programa de TV “Cuarto Poder”, da rede “América Televisión”, dezenas de pessoas se reuniram no dia 11 de setembro em Rondônia para prestar homenagem ao fundador do grupo terrorista, que morreu naquele mesmo dia enquanto cumpria pena perpétua em Lima.

As imagens mostram pessoas marchando por uma zona rural enquanto carregavam bandeiras vermelhas e faixas com a imagem de Guzmán, e depois participando de uma cerimônia na qual o exaltam com discursos em português.

A congressista fujimorista Jeny López pediu nesta terça-feira à presidência da Comissão de Defesa Nacional para “solicitar as devidas informações aos órgãos de inteligência e até mesmo à Comissão de Relações Exteriores para descobrir quem está por trás deste grupo que distorce a realidade”.

“Isso nos mostra que o terrorismo do Sendero Luminoso continue vigente, e devemos alertar os países amigos sobre a crueldade com que continuam operando”, ressaltou.

Outro congressista, José Williams, ex-general do Exército filiado ao partido de direita Avança País, disse que “elogiar Abimael Guzmán no exterior exige que o governo peruano, através do Ministério das Relações Exteriores, tome medidas”.

Ele ressaltou que o objetivo dessas medidas seria “fazer saber que este é um grupo terrorista sedento de sangue e também advertir que é um risco para o Brasil”.

Pedro Yaranga, um especialista em questões de segurança nacional, disse que as imagens mostram que existe uma organização que poderia repetir essas atividades no exterior.

“Isso é parte de uma campanha. Se o fizeram no Brasil, vão fazê-lo novamente, talvez na Europa, em outra data. Com a mesma uniformidade e sempre mostrando a imagem de Abimael Guzmán”, afirmou.

O ex-congressista de esquerda Richard Arce, por sua vez, comentou que os seguidores de Guzmán querem transformá-lo “em um mito”. Ele acredita que “qualquer demonstração que reivindique” seu pensamento, ou o que significou o Sendero Luminoso, “deveria ser banida”.

Em 24 de setembro, as autoridades peruanas cremaram os restos mortais de Guzmán, que morreu aos 86 anos de idade devido a problemas relacionados a pneumonia, e espalharam suas cinzas em local não revelado sob as ordens do Ministério Público e em conformidade com uma lei aprovada pelo Congresso.

Esta decisão foi baseada “na necessidade de evitar colocar em risco a segurança nacional e a ordem interna nas circunstâncias descritas na lei” e na “defesa dos interesses públicos e dos interesses sociais que são de responsabilidade do Ministério Público”.

Guzmán foi o fundador e líder do Sendero Luminoso, cuja tentativa de imitar a revolução chinesa de Mao Tse Tung no Peru levou a inúmeros massacres e ataques terroristas, tornando-o o principal responsável por quase 70 mil mortes durante o conflito armado interno (1980-2000), segundo a Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR). EFE

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