Brasil e França pretendem reeditar em 2025 uma parceria para levar representantes da cultura brasileira ao país europeu e destaques do cenário artístico francês para apresentações no Brasil – em moldes semelhantes ao do Ano do Brasil na França e do Ano da França no Brasil, da década passada. Esse foi um dos desdobramentos da reunião bilateral entre o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente francês, Emmanuel Macron.
Os dois se encontraram neste domingo, 10/9, às margens da Cúpula de chefes de Estado e de Governo do G20, em Nova Delhi, na Índia. Lula reforçou o convite a Macron para que faça sua primeira visita oficial ao Brasil e ouviu do europeu que há previsão de que essa oportunidade ocorra no primeiro semestre de 2024.
Os governantes trataram de uma agenda de cooperação em áreas como defesa e meio ambiente e conversaram sobre pendências que ainda travam um desfecho do acordo entre Mercosul e União Europeia. Lula anunciou que o Mercosul está pronto para concluir o acordo o mais rápido possível e que espera uma postura clara dos europeus.
Para o presidente brasileiro, não faz mais sentido, após 22 anos de tratativas entre os negociadores, seguir numa perspectiva de protelar consensos. Para ele, é o momento de os líderes dos dois lados decidirem politicamente levar o acordo entre os blocos adiante.
O presidente reiterou que o Brasil não abre mão das compras governamentais, por considerar a ferramenta essencial para a reindustrialização do país. E enfatizou que o Mercosul não aceita posturas como a carta adicional que a União Europeia fez neste ano, incluindo possibilidades de sanções em função de temas ambientais.
PARCERIA ESTRATÉGICA – Brasil e França firmaram uma parceria estratégica em 2006 para promover o diálogo político e as relações econômico-comerciais. Os dois países possuem ainda cooperação nas áreas de defesa, espaço, energia nuclear e desenvolvimento sustentável. A parceria Brasil-França ainda contempla os domínios da educação, ciência e tecnologia, temas migratórios e transfronteiriços.
Além de desenvolverem projetos em conjunto em áreas sensíveis e de alta tecnologia, são expressivas tanto a presença de brasileiros vivendo em solo francês quanto a atuação de empresas francesas no Brasil.
Segundo o Itamaraty, cerca de 90 mil brasileiros vivem na França metropolitana e outros 82,5 mil na Guiana Francesa, somando cerca de 172,5 mil. Com 730 km, a fronteira entre o estado brasileiro do Amapá e a Guiana Francesa constitui a maior fronteira terrestre da França.
COMÉRCIO BILATERAL – Brasil e França têm intenso comércio bilateral, que em 2022 movimentou cerca de US$ 8,45 bilhões em mercadorias. No ranking de exportações brasileiras, a França ocupa a 24ª posição, com cerca de US$ 3,49 bilhões. O país também é o 8º no ranking de importações vindas para o Brasil, num total de US$ 4,96 bilhões.
Existem cerca de 860 empresas francesas no Brasil. O Brasil é hoje o segundo principal destino dos investimentos franceses entre os chamados países emergentes, tendo sido ultrapassado apenas recentemente pela China. A França é o 3º maior investidor no Brasil, pelo critério de controlador final, com cerca de US$ 38 bilhões investidos, e 5º maior pelo critério de investidor imediato, com investimentos de cerca de US$ 32 bilhões, segundo os dados do Banco Central para 2021.